SBPC premiou meninas e mulheres que realizaram trabalhos científicos inovadores, em busca de soluções para uma sociedade mais justa; cerimônia aconteceu no Centro MariAntonia da USP
Jornal da USP
Publicado: 12/02/2025 às 17:15
Por *Isabela Nahas

A cerimônia de entrega da 6ª edição do Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher, promovido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), contemplou seis meninas e jovens mulheres cientistas por realizarem pesquisas inovadoras e de interesse social. A premiação aconteceu nesta terça-feira (11), marcando o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. Segundo Fernanda Sobral, diretora da SBPC e parte da Comissão Julgadora, o prêmio “é a esperança do futuro, que são as meninas e, quanto mais a gente reconhecer e dar incentivo a elas, mais a ciência se desenvolverá e progredirá”.
Cientistas Brilhantes: trabalho resgata histórias de mulheres na ciência
Fotos em preto e branco de mulheres pioneiras nas ciências; no centro, desenho de uma mulher em um circulo com símbolos relacionados às ciências
Criada em 2019, a premiação é realizada em homenagem a Carolina Bori, cientista da USP e primeira pessoa a ser registrada como psicóloga no Brasil, com o Cadastro Nacional de Profissionais de Psicologia número 1. Bori incentivou o desenvolvimento científico no País e o acesso ao conhecimento para além das universidades. “A gente chama essas meninas que ganham os prêmios, entre nós, de ‘as Carolinas’,” disse Fernanda Sobral em entrevista ao Jornal da USP.
Nesta edição do prêmio, houve um aumento de mais de 70% no número de inscrições. As pesquisas foram divididas em exatas, humanidades e biológicas. A cerimônia ocorreu no Salão Nobre do Centro MariAntonia da USP. As vencedoras receberam um troféu e uma quantia em dinheiro: R$ 10 mil para as graduandas, R$ 7 mil para as alunas do ensino médio e R$ 5 mil para a menção honrosa.
As cientistas universitárias premiadas
Entre as vencedoras da graduação, está Beatriz Oliveira Santos, que realizou o curso de Nutrição na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e, agora, está iniciando o doutorado. O prêmio na área de biológicas foi pela pesquisa de TCC Disputas e Arranjos em Torno da Alimentação no Contexto Prisional. Beatriz fez uma etnografia em Manaus, onde acompanhou familiares de presos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj. A cientista concluiu que a proibição da entrega de cestas de alimentos aos penitenciários gera “adoecimento e insegurança alimentar para os presos e para os familiares, que veem aquelas pessoas adoecendo, porque a alimentação que eles recebem da administração carcerária é completamente questionável”, disse Beatriz Santos no evento.

Em humanidades, Angélica Azevedo e Silva foi premiada pelo projeto de extensão Diagnóstico das Dimensões da Sustentabilidade Urbana no Município de Cavalcante-GO e Urbanismo Kalunga: sustentabilidade, ancestralidade e identidade, em que propõe um projeto de revitalização de uma avenida que valoriza as necessidades e a ancestralidade dos quilombolas da região. Angélica é arquiteta formada pela Universidade de Brasília (UnB).
Angélica Azevedo e Silva, arquiteta pela UnB - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Na área de exatas, quem recebeu o prêmio foi Narayane Ribeiro Medeiros, do curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), pelo trabalho Modelagem Preditiva e Visualização Interativa de Dados Geoespaciais de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Narayane é parte do Itacube, grupo de pesquisa para propósitos acadêmicos, onde construiu a plataforma Geopredict, que torna acessíveis dados de satélite sobre a emissão de gases de efeito estufa por humanos no mundo todo, com previsões para 2027. “Ela está inspirando jovens a disputarem espaços que são estereotipados para o gênero masculino”, disse Francilene Garcia, vice-presidente da SBPC e coordenadora da premiação.

As jovens cientistas do ensino médio
Ana Elisa Brechane da Silva é estudante da Escola Estadual Prof.ª Maria das Dores Ferreira da Rocha, de Santa Rita d’Oeste, cidade do interior de São Paulo próxima à fronteira com o Mato Grosso do Sul. Ana Elisa foi premiada na área de biológicas pelo desenvolvimento do ConnectBreathe, um aparelho que ajuda no diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias, com o uso de jogos on-line para incentivar a realização de exercícios de fortalecimento pulmonar. “A ciência pode transformar vidas”, disse a estudante.

Em humanidades, a vencedora foi Isadora Abreu Leite, aluna do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). Isadora realizou uma pesquisa de campo em Raposinha, comunidade quilombola do Maranhão, que resultou no trabalho Sementes da Maré: saberes e fazeres de marisqueiras da costa de manguezais de macromaré da Amazônia. A pesquisadora pretende valorizar os saberes das marisqueiras para a sustentabilidade e, com o reconhecimento, melhorar as condições de vida dessas mulheres que, apesar de sustentarem famílias, são invisibilizadas.
Isadora Abreu Leite, aluna do IFMA - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Milena Xavier Martins recebeu a premiação em exatas pelo projeto Autinosis: Inteligência Artificial na Triagem do Diagnóstico de Autismo. Estudante do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), ela desenvolveu uma plataforma que usa inteligência artificial para conectar pessoas autistas, informar sobre a condição e auxiliar no diagnóstico de forma acessível e para todas as idades.

Lucia Ferreira da Silva, graduanda em Engenharia Agronômica no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (Ifap) aos 44 anos, recebeu menção honrosa pela pesquisa Associativismo e o Fortalecimento das Lideranças Femininas da Associação dos Artesãos de Porto Grande – Amapá.
Lucia realizou encontros com as quilombolas da região para apoiar o desenvolvimento do empreendedorismo das mulheres na Associação dos Artesãos, combatendo a invisibilidade e o isolamento dessas artesãs. “Não há idade que vá nos limitar a compartilhar conhecimento”, discursou Lucia da Silva.

Ao final do evento, também ocorreu o lançamento do livro Carolina Bori: Psicologia, Educação e Política Científica, de Gabriel Vieira Cândido, sobre a vida e contribuições de Carolina Bori para a ciência. Francilene Garcia reiterou a importância da homenagem do prêmio: “Carolina é uma daquelas pessoas que transborda por todas as dimensões (…). O sonho que ela nos coloca e de que todos somos participantes é o de um país em que a ciência possa ajudar a avançar para uma sociedade mais justa”.
fonte: https://jornal.usp.br/diversidade/jovens-cientistas-recebem-premio-carolina-bori-ciencia-mulher/
Mulheres cientistas inspiram meninas a seguir carreira na área de exatas
Eventos na UFPR em alusão ao Dia Nacional das Mulheres e Meninas na Ciência abriram horizontes para estudantes de ensino fundamental em Curitiba e Palotina
Em comemoração ao Dia Nacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro (data instituída pela Organização das Nações Unidas – ONU, em 2015), projetos de extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR) promoveram integrações focadas em incentivar a participação feminina nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).
Em Curitiba houve nesta terça-feira (11) a terceira edição do evento “Meninas nas Exatas: Por elas, para todos!”, no Setor de Ciências Exatas do Centro Politécnico. Em Palotina, bolsistas do projeto Rocket Girls, em parceria com o Futuras Cientistas, vêm desde janeiro organizando imersões em atividades nas áreas STEM para meninas de oito cidades do Paraná.
O evento no Politécnico contou com uma programação diversificada, visando promover a igualdade de gênero e destacar a contribuição histórica das mulheres nas ciências. Reuniu 12 escolas, sendo 11 estaduais e uma privada, com o objetivo de mostrar aos estudantes da educação básica que a universidade é um espaço para todas, sem distinção de gênero.


A palestra de abertura foi proferida pela professora Sonia Guimarães, a primeira mulher negra a obter doutorado em Física no Brasil e a primeira professora negra no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Em sua fala, Sonia refletiu sobre o tema “Meninas nas Exatas: por Elas para Todos”, compartilhando suas experiências e superando desafios ao longo de sua trajetória científica. “O meu maior desafio é que ninguém nunca acreditou que eu era capaz. Que eu era inteligente o suficiente, que eu aprenderia a física e que eu iria usar o física para alguma coisa”, disse Sonia Guimarães.
Ela destacou a importância da inclusão de meninas nas ciências, afirmando:
“Se você ficar excluindo as meninas, você vai excluir metade da população do mundo.”
A professora Paula Rogéria Lima Couto, do Departamento de Matemática da UFPR e coordenadora do comitê organizador do evento, ressaltou: “As meninas precisam estar aqui, conosco, contribuindo para a construção da ciência no país e no mundo.”
Após a abertura, o evento seguiu com uma série de atividades interativas, palestras, exposições científicas e visitas a laboratórios, com destaque para discussões sobre como aumentar a participação feminina nas ciências exatas e como superar as barreiras de gênero e raça.



Inspiração
Estudantes do ensino médio, como Pamela e Laura, compartilharam suas experiências no evento, destacando a importância de se envolverem nas ciências exatas. Pamela, que sonha em seguir carreira como astrônoma ou professora, afirmou que o evento a ajudou a enriquecer seu currículo e a inspirar suas colegas a se interessarem por áreas predominantemente masculinas.
“Acredito que, ao participar, posso influenciar minhas amigas a também se interessarem por essa área”, disse ela.
Laura, sua amiga, também reforçou a importância da participação no evento.
“Foi muito importante me inscrever, pois me proporcionou uma visão mais clara sobre a carreira que quero seguir”, explicou.
Juntas, as estudantes participaram de atividades que ampliaram sua visão sobre a ciência, incluindo a equipe de ciências do planetário de sua escola. Além disso, elas apresentaram uma atividade sobre a física por trás dos minifoguetes, com uma oficina prática para ensinar aos outros como montar um foguete.

Inspiração
Durante o evento, as participantes realizaram oficinas e práticas científicas como robótica, astronomia e análise biológica. Lançado em 2018 pela UFPR, o programa busca incentivar meninas a se interessarem pelas áreas de Exatas e Computação, além de promover a equidade de gênero nas ciências.
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fonte: https://ufpr.br/mulheres-cientistas-inspiram-meninas-a-seguir-carreira-na-area-de-exatas/