Mãe de quatro filhos e grávida de dois meses, Madleen relata como está sendo viver na Faixa de Gaza
Madleen Kullab, 31 anos, é a única mulher pescadora da Faixa de Gaza. A palestina inspirou o nome da embarcação que carregava 12 pessoas, entre elas o brasileiro Thiago Ávila e a sueca Greta Thunberg, rumo a Gaza com ajuda humanitária. O barco, no entanto, foi interceptado por Israel e os integrantes foram presos e depois deportados para os países de origem. Ao Correio, Madleen disse que ter nomeado a embarcação foi "motivo de orgulho".
Mãe de quatro filhos (Sandy, 6 anos; Safinaz, 5 anos; Jamal, 3 anos e Wasila, de ano e meio), Madleen está grávida de dois meses e relatou como está sendo viver na Faixa de Gaza após mais de um ano e meio de ataques israelenses na região. Mais de 55 mil pessoas morreram desde o início da guerra. "A vida é difícil. Estamos tentando viver com pouco. Estamos com fome. Não há o necessário para viver. Vivemos em condições muito difíceis", afirma Madleen, que perdeu um irmão em 2018 durante o protesto palestino chamado Grande Marcha do Retorno e o pai em 2024.
"Tive que continuar pescando porque eu era a filha mais velha e meus irmãos eram muito novos. No começo, foi uma grande dificuldade, pois era uma responsabilidade enorme estar totalmente no comando do barco, mas precisávamos muito de dinheiro para sobreviver e tive que arriscar minha vida para que pudéssemos viver", escreveu Madleen em texto publicado em seu blog pessoal.
A palestina também cita que ela foi a primeira mulher em Gaza a pescar e a operar um barco, por isso teve muita dificuldade para ser aceita por uma sociedade que a considerava "diferente e antitradicional". Ela relata, ainda, que os bloqueios israelenses na região causaram escassez e perigos.
"Os pescadores não tinham permissão para ir além de 3 milhas náuticas da costa, o que tornou nossas vidas difíceis. Enfrentei novos desafios e perigos com os navios de patrulha israelenses. Eles frequentemente atacavam diretamente o meu barco. Roubaram minhas redes de pesca mais de uma vez. O problema era que, cada vez que me atacavam, eu ficava um pouco mais forte. Nunca desisti", diz Madleen. A pescadora espera que ela, a família e o povo palestino possam viver em liberdade, segurança e paz. "Temos esperança", frisa.