Documentos obtidos com base na Lei de Acesso à Informação revelam que estudantes, professoras e funcionárias têm sido vítimas de constrangimentos, agressões e até estupros em universidades e institutos federais de todo o Brasil

Tácio Lorran, Melissa Duarte e Manuel Marçal
24/06/2025 05:00 - Metrópoles

O conteúdo a seguir trata de temas sensíveis que podem causar gatilhos emocionais

“Ele vivia fazendo insinuações. Era nojento”, desabafou uma estudante de 16 anos sobre o então professor Pablo Polese Queiroz, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS). As acusações vieram à tona em 2022, e essa já era a segunda vez que o docente estava sendo denunciado por constranger alunas.

Em 2020, outra estudante contou que o professor lhe enviou uma figurinha no grupo de WhatsApp da sala: “Deixa eu comer você?”. Em seguida, em conversa privada, comentou uma foto da aluna: “Linguão”.

Elogios constrangedores, piadas de duplo sentido, mensagens indiscretas, comentários inadequados, toques no corpo, investidas físicas e até estupros são condutas denunciadas por estudantes, estagiárias, professoras e funcionárias de universidades e institutos federais de todo o país.

Após analisar 128 processos administrativos disciplinares (PADs) durante os últimos nove meses, o Metrópoles fez um levantamento inédito sobre assédio e condutas de conotação sexual praticadas por professores e servidores públicos de instituições federais de ensino.

Trata-se de um dossiê sobre as violências e os constrangimentos a que as mulheres estão submetidas apenas por frequentarem ambientes de ensino no Brasil.

Vinícius Schmidt / Metrópoles
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As ocorrências de assédio não se restringem às salas de aula. Há casos em vestiários, cantinas, laboratórios e até mesmo fora dos câmpus, como em caronas e em viagens universitárias

A investigação abrange processos instaurados nos últimos 10 anos. Optou-se por contar cada uma das histórias citando o nome dos professores e dos servidores sancionados, pois as punições de processos administrativos disciplinares são atos públicos. Todos os docentes e servidores foram procurados para apresentarem suas defesas.

Em relação às vítimas, a reportagem decidiu mantê-las no anonimato a menos que desejassem falar.

Os PADs são investigações conduzidas no âmbito da administração pública para apurar denúncias de condutas de servidores que possam ter contrariado as funções e atribuições previstas em lei. As punições decorrentes desses processos variam entre advertência, suspensão (que pode ser convertida em multa), demissão e cassação da aposentadoria.

Os casos analisados envolvem ao menos 265 vítimas e 132 acusados. Os registros foram organizados em um mapa por localidade e por instituição de ensino. Há relatos de agressões em todos os 26 estados e no Distrito Federal, o que comprova a recorrência das investidas, de norte a sul.

Os documentos revelam situações de constrangimento ou violência apuradas em 59 universidades e institutos federais. A partir deles, foi possível identificar as abordagens mais comuns, o sofrimento causado às vítimas e o perfil dos assediadores.

Leia a reportagem completa em https://www.metropoles.com/materias-especiais/assedio-sexual-universidades

 

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