O adversário monta seu exército com instrução de multinacional’, escreve Sara Goes. ‘É a codificação da extrema direita, uma aliança entre o mercado e o caos.

 
 
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Por SARA GOES*

 

Fortaleza, 30 de maio de 2025. No Centro de Eventos do Ceará, um auditório lotado por jovens ativistas de direita, assessores parlamentares, influenciadores e profissionais de marketing digital testemunhou um momento embaraçoso que, mais do que uma gafe, serviu como síntese involuntária do que viria a seguir.

Waldemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, 75 anos, envolvido em escândalos históricos e visivelmente desconfortável, tentou abrir o evento com entusiasmo juvenil, ou o que imaginava ser. Em uma fala desconexa, tropeçou ao tentar usar expressões como “flopou” e “stalkear”, gaguejou, repetiu sílabas até formar palavras mínimas, tentou invocar uma linguagem que claramente não dominava.

“Se alguém não entende o que eu falei, está no lugar certo para aprender.”

A frase, que arrancou risos nervosos da plateia, revelou mais do que o esforço de um cacique partidário em parecer atualizado. Revelou que o PL não é o protagonista da sua própria festa, o partido havia cedido o palco, o tom e a pauta às corporações que realmente conduziam o espetáculo, Meta, Google e CapCut.

O que se desenrolaria ali, ao longo do dia, não era um seminário de comunicação. Era uma aula prática de como transformar um partido político em base operacional de uma milícia digital, com benção técnica das big techs e com Jair Bolsonaro e Michelle como totens simbólicos do projeto.

Seminário das Big Techs: como o PL foi instrumentalizado para formar milícias digitais

Representantes oficiais da Meta, Google e CapCut dominaram a programação. Enquanto parlamentares tiveram falas cronometradas de 3 a 5 minutos, Ricardo Vilella (Google), Felipe Ventura (Meta) e um trio técnico vinculado ao CapCut (Jhon Henrique, Vitor Reels e Dan Maker) ocuparam o palco com desenvoltura, autoridade e espaço privilegiado.

Apresentaram tutoriais práticos sobre como automatizar vídeos, alimentar inteligências artificiais com conteúdo político enviesado, impulsionar mensagens via WhatsApp Business e até gerar podcasts inteiros com voz sintética, tudo isso com foco explícito em mobilização política, ataque a adversários e formação de militância digital.

Ali, ninguém falava em regulação. Ninguém mencionava riscos de desinformação. Muito menos havia qualquer cuidado em esconder o objetivo: ensinar a extrema direita brasileira a dominar as plataformas com as ferramentas fornecidas por elas mesmas.

Adolf Hitler rally Germany 1933

A nova lógica da milícia digital

A cena é mais do que simbólica, é estratégica. As plataformas de tecnologia, que historicamente se vendem como neutras, mostraram, de forma pública e escancarada, que estão operando lado a lado com uma articulação política autoritária, antidemocrática e negacionista.

A estética do evento foi juvenil, descontraída, mas o conteúdo era nitidamente voltado para criar um exército digital disciplinado, treinado para atacar, manipular e fidelizar públicos com linguagem emocional, estética gamificada e técnicas de IA de última geração.

Não por acaso, nos bastidores, já se comenta que essa foi a primeira “formatura técnica” das novas milícias digitais do bolsonarismo. Se antes havia improviso, agora há cartilha. Se antes o gabinete do ódio funcionava com memes e raiva, agora ele conta com editores de vídeo, scripts automatizados e fluxos de produção baseados em machine learning, tudo entregue em mãos pelas próprias corporações.

Bolsonaro, o cicerone de luxo

Jair Bolsonaro esteve no evento, mas não como protagonista. Seu papel foi o de mascote ideológico, espécie de cicerone da plateia. Falou por poucos minutos, retomando seu discurso manjado sobre liberdade de expressão, atacando o Supremo Tribunal Federal, afirmando que Lula e Janja estariam importando um modelo de censura da China e, o mais grave, sugerindo que um “país da parte norte da América” pudesse intervir para “acabar com essa palhaçada do STF”. “Ainda bem que as big techs estão do lado certo”, disse Bolsonaro em certo momento, com um sorriso satisfeito.

A frase ecoou pelo auditório como confissão e celebração. A simbiose foi feita. A extrema direita oferece base, blindagem legislativa e fidelidade ideológica. As plataformas oferecem ferramentas, estrutura e legitimidade técnica.

Michelle Bolsonaro, por sua vez, não apareceu. Esteve presente como símbolo, imagem viva de um projeto de poder moralista, feminino e disciplinador, que já se projeta para 2026 como possível cabeça de chapa, ou ao menos rainha eleitoral da bancada evangélica.

O culto à liberdade como biombo da violência digital

Durante todo o seminário, o termo “liberdade de expressão” foi repetido como mantra. Mas a liberdade que se cultuava ali não é um valor democrático, é a licença para caluniar, desinformar e intimidar adversários políticos com a chancela algorítmica das big techs.

Vídeos institucionais apresentados no evento reforçavam esse enredo: uma peça ligava Lula e Janja a um suposto plano de censura com apoio da China, outra exaltava lives, vozes anônimas e conteúdos que “tocam o coração” como símbolos de uma liberdade ameaçada. Era a estética do TikTok travestida de épica libertadora. A distopia apresentada como heroísmo.

Um partido digitalizado, uma plataforma instrumentalizada

O mais impressionante do evento foi perceber que o PL não usou as plataformas, foi usado por elas. O partido virou palco para uma operação de transferência de know-how.

O algoritmo é o verdadeiro partido, e seu projeto é global.Não se trata mais de disputar eleições. Trata-se de operar cognitivamente a população por meio de redes treinadas para inflamar, confundir, atacar e capturar.

O PL, ao lado de figuras como Rogério Marinho, Valdemar Costa Neto, André Fernandes e Carmelo Neto, cumpre o papel de facilitar, blindar e proteger esse novo tipo de milícia, a milícia algorítmica, a milícia da IA e a milícia digital.

O que aconteceu em Fortaleza não é um detalhe, é um alerta

Enquanto parte da esquerda ainda discute se TikTok deve ou não ser regulado, se a Janja pode ou não mencionar a China em um jantar, o adversário está montando seu exército com planilha, roteiro, editor de vídeo e instrução técnica de multinacional.

O que se viu em Fortaleza foi um evento de codificação da extrema direita, uma certificação da nova aliança entre o mercado e o caos, um passo a mais no projeto de destruir o espaço público, transformar a verdade em meme, e capturar o imaginário coletivo por meio de narrativas fabricadas em laboratório.

Se ninguém reagir com força, ousadia e inteligência estratégica, não haverá 2026 para disputar, haverá apenas um feed colonizado.

PL está pronto para 2026. E nós?

O evento em Fortaleza não deixou dúvidas: o Partido Liberal está tecnicamente, esteticamente e estrategicamente pronto para disputar o controle da mente pública. Está armado de IA, treinado em mobilização digital e respaldado pelas maiores plataformas do mundo.

A pergunta que resta é: nós estamos prontos? Ou ainda estamos debatendo com boas intenções enquanto o campo de batalha já foi tomado por códigos e promessas de engajamento? Avia!


Publicado originalmente em Brasil 247.

Foto de capa: Evento em Fortaleza /Reprodução (Divulgação)

 

fonte: https://red.org.br/noticias/bigtechs-e-bolsonaro-articulam-presenca-digital-para-2026/

Fiz as oficinas do Google e da Meta no seminário do partido do Bolsonaro. Aqui está o que aprendi

Sérgio de Sousa

Imagine criar, sem precisar de uma câmera, imagens que parecem fotografias e transmitem exatamente a mensagem desejada em uma postagem de rede social. Ou ir além: desenvolver vídeos em que personagens que se assemelham a pessoas reais falam exatamente o que você quer, de acordo com seus objetivos. Essas são possibilidades já oferecidas pelas ferramentas de inteligência artificial das grandes empresas de tecnologia, as big techs, mas ainda pouco dominadas.

Quem participou do 2º Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal, a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, realizado na última sexta-feira, 30, em Fortaleza, teve a chance de aprender. E as oficinas não foram ministradas por qualquer um: os palestrantes eram executivos das próprias big techs, como a Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) e o Google.

A mensagem era clara: as big techs estavam ali em peso, abençoando o evento e compartilhando com os participantes o “caminho das pedras” para usar suas ferramentas mais novas e poderosas.

Essa relação de proximidade foi reforçada por Bolsonaro, que discursou no encerramento do encontro, aos gritos de “volta, capitão” vindos da plateia. O ex-presidente não deixou dúvidas ao afirmar que as empresas de tecnologia estavam “do lado certo”. 

Para ele, a nova aposta da extrema direita é justamente investir no potencial que a inteligência artificial oferece para a comunicação política. E foi esse o grande tema do evento.

Durante a manhã, os participantes realizaram três workshops dedicados à inteligência artificial. Mas não era só. Ao lado do salão principal, um estande montado especialmente para a ocasião também chamava a atenção. 

Por lá, à semelhança das imagens produzidas por computador inspiradas no estúdio de animação japonesa Ghibli, que viralizou nas redes há poucos meses, os interessados poderiam transformar suas fotos em animações patrióticas. Além de receberem as imagens, aqueles que iam ao estande sentavam com profissionais para aprender a usar as ferramentas de IA.

IA: obsessão para 2026

Não é novidade que a direita domina de forma mais eficaz a linguagem das plataformas virtuais que a esquerda. WhatsApp, Youtube, Instagram, Facebook e TikTok colecionam postagens virais produzidas por ativistas conservadores. Mas o domínio das técnicas já disponíveis de IA ainda é para poucos — e isso pode fazer toda a diferença nas eleições de 2026.

‘Quem sentar aqui nestas fileiras e não tiver pulseira de influencer, nós teremos que retirar’, disse um organizador

Para receber esse “treinamento de guerra”, o PL conseguiu levar ao evento, além de políticos locais e de envergadura nacional, centenas de ativistas de direita e gente que trabalha para os políticos e seus partidos. E as estrelas do encontro eram os influenciadores digitais. “O trabalho de cada um de vocês, influenciadores, é a chama, é a certeza que a vitória um dia virá”, defendeu Bolsonaro.

front da batalha digital recebeu a importância devida, com cadeiras reservadas na frente do palco, etiquetadas com o termo “autoridade”. “Quem sentar aqui nestas fileiras e não tiver pulseira de influencer, nós teremos que retirar”, já alertavam os organizadores para os mais afoitos e anônimos militantes.

Eu estava entre estes que receberam tal advertência, já que acompanhei o evento não com a credencial de imprensa, mas com a de participante, misturando-me à multidão verde-amarelada como se fosse um convicto bolsonarista. Claro, tive que tomar algumas atitudes para que o disfarce convencesse. Uma delas foi instigar os que sentavam ao meu redor a conseguirmos assento mais próximo ao palco, para ficarmos mais perto do “mito”.

Demonstrar fervor era uma tentativa de não gerar desconfiança, ainda mais após a gafe de, na primeira abordagem a um dos participantes, ter usado o termo “companheiro”. Força do hábito. O olhar de estranhamento foi súbito, mas o interlocutor não se furtou em passar a informação. 

Mais que uma convicção política, o bolsonarismo se apresenta como uma identidade, e esta era ali reforçada de diversas formas, mas especialmente pela vestimenta: camisas da seleção brasileira, estampas de Jair Bolsonaro e roupas com cores da bandeira nacional.

Chamavam atenção dois jovens que destoavam do protocolo. Um deles vestia uma camisa com o símbolo do MST e, o outro, uma que trazia estampada a sigla LGBT. Só com um olhar mais atento foi possível perceber que a primeira, ao invés de Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, trazia os dizeres “Vai trabalhar, vagabundo”. A outra, “Liberty, Guns, Bolsonaro, Trump”. Nem tudo era o que parecia.

Às 8h, hora prevista para o início do evento, o espaço ainda não tinha um terço de sua capacidade ocupada. Enquanto o público ia comparecendo, os presentes eram entretidos com músicas que traziam frases de efeito típicas do universo conservador brasileiro, tais como “o mito chegou” e “chora, petista”.

A surpresa, para mim, foi conhecer o funk Meu filho vai ser bolsonarista, o qual carrega versos como “Quando meu filho nascer / Vai seguir os passos do pai […] Vai usar roupa do Ustra / E ser fã do Bolsonaro / Na escola com os amigos / Vai oprimir pra caralho”. A música foi repetida diversas vezes pela organização do evento.

Às 9h25, já com o salão preenchido, teve início a programação, com uma fala curta do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, na qual agradeceu a participação das big techs no evento. A partir daí, os participantes tiveram acesso a verdadeiros “aulões” de como ganhar a disputa pela atenção nas redes por meio das ferramentas de inteligência artificial.

Big techs ensinam a ‘impressionar’

Uma plateia mista sentou-se por cerca de três horas para receber as formações proporcionadas pelo PL. Enquanto senhoras ansiosas conversavam à espera do “mito” e pessoas associadas a políticos do interior do Ceará debatiam assuntos da conjuntura local, vários jovens e adultos se mostravam surpresos e encantados com as ferramentas que eram apresentadas no palco.

O primeiro a expor foi Felipe Ventura, business education trainer da Meta. O executivo iniciou solicitando aos presentes que baixassem a aplicação da Meta AI, o assistente de inteligência artificial da empresa, que permite trabalhar com textos, vídeos e fotos. Ele explicou o que são os prompts, as instruções que damos a um sistema para que ele realize tarefas, e apresentou dicas de como fazer comandos mais eficientes.


Foco da apresentação de representante da Meta foi inteligência artificial | Foto: Sérgio de Sousa

A plateia foi convidada a gerar imagens para “impressionar seus seguidores” durante o evento, e até a transformar as imagens em vídeos, tudo com simples prompts.

Produzir textos com mais formalidade ou coloquialidade, corrigir erros gramaticais, tudo isso foi ensinado no palco, como elementos facilitadores para a comunicação política. Faltou inspiração sobre o que postar? Pergunte à IA, ela te responde. Que argumentos usar para defender uma ideia? A IA também pode ajudar nisso. E o executivo explicou como gerar de forma simples essas informações.

Um dos principais instrumentos que contribuíram para a vitória de Bolsonaro nas urnas em 2018, o WhatsApp ganhou destaque no workshop. Ventura apresentou o WhatsApp Business como uma nova possibilidade de comunicação política e com mais recursos de inteligência artificial. O executivo destacou que o mensageiro automático não deve ser usado apenas para falar com amigos, familiares e colegas de trabalho, mas também para influenciar, convencer pessoas a comprarem um produto ou uma ideia. 


Uso do WhatsApp Business para campanhas políticas foi recomendado por funcionário da Meta | Foto: Sérgio de Sousa

Na sequência, um trio formado por Jhon Henrique, diretor, produtor e treinador audiovisual, Vitor Reels, vencedor do CapCut Awards 2024, e Dan Maker, criador do método Fábrica de Reels, apresentou dicas de como gerar vídeos de impacto.

Além de orientações sobre movimentações profissionais de câmera para gerar vídeos mais atraentes e ideias sobre organização de cenário, os profissionais ensinaram como usar a IA para editar vídeos, criando legendas e ajuste de cores automáticos, ou para remover imagens de fundo e aplicar efeitos visuais.

‘Postura, voz e aparência transmitem autoridade, emoção e conexão’

Jhon Henrique mostrou uma campanha que produziu com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e destacou: “Os sinais falam mais que palavras”. Explicou como usar sinais que remetem às ideias defendidas pela direita, além de orientar sobre como trabalhar a impostação vocal e postura dos candidatos. “Postura, voz e aparência transmitem autoridade, emoção e conexão”, afirmou.

Por último, Ricardo Vilella, gerente de engajamento cívico do Google, falou de duas ferramentas de IA da gigante da Internet: o Gemini e o Notebook LM. Em um workshop prejudicado pela chegada de Jair Bolsonaro no Centro de Eventos, o executivo teve que reduzir sua apresentação de 45 para 15 minutos. Ainda assim, conseguiu apresentar rapidamente as principais funcionalidades que podem ser aplicadas na comunicação política, como gerar vídeos ultrarrealistas apenas com comandos à máquina.


Google levou “gerente de engajamento cívico” a evento do PL | Foto: Sérgio de Sousa

Ele ensinou como usar a IA para gerar conteúdo para youtubers, para ajudar no design de peças publicitárias ou mesmo para ajudar no resumo de documentos longos, recuperando as principais informações sem precisar ler os arquivos por completo, e ainda resumir vídeos longos no YouTube sem a necessidade de assisti-los.

O fantasma da censura

“Eu lembro lá atrás quando eu criei ‘Deus, Pátria e a Família’, e faltava uma coisa. Faltava o espírito. E daí veio a palavra liberdade. Uma pessoa sem liberdade é uma pessoa sem vida”, afirmou Jair Bolsonaro durante o evento, invocando a discussão da liberdade de expressão como uma das principais bandeiras hoje da extrema direita. Este foi um dos temas mais reforçados durante o seminário.

A tríade “Deus, pátria e família”, contudo, não é criação do ex-presidente: foi o lema do Movimento Integralista Brasileiro, surgido na década de 1930 e considerado o maior movimento de extrema direita da história do Brasil. Independentemente disso, a pergunta é: como um grupo político que abertamente defende o período da ditadura militar no Brasil pode trazer como estandarte exatamente a liberdade de expressão?

A censura, hoje, é um projeto da esquerda, defendeu o senador Rogério Marinho, do PL do Rio Grande do Norte, em sua intervenção no evento. O senador criticou o projeto de regulação das plataformas digitais, ação defendida pelo governo federal, mas que está com as discussões emperradas no Congresso: “Vão querer dizer o que é verdade ou não”, alertou o parlamentar, ecoando os discursos das próprias big techs.

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O projeto de lei 2.630 de 2020, conhecido como PL das Fake News, é hoje a principal proposta de regulação das plataformas, engavetado após pressão das big techs na Câmara em conluio com a extrema direita.

A narrativa de que a regulação das plataformas é uma estratégia do governo de instaurar a censura do país, responsabilizando usuários da internet pelos conteúdos publicados nas redes, é um discurso que ganha corpo no debate público por meio dos grupos conservadores.

‘Tá cheio de robô do Bolsonaro aqui’, disse, em tom de brincadeira, o senador Rogério Marinho

A preocupação é que, de alguma forma, essas medidas possam influenciar nas estratégias comunicativas da extrema direita nas plataformas. Não é nenhum segredo o compartilhamento sistemático de campanhas desinformativas nas redes ou o uso de bots para viralizar assuntos na internet por parte de integrantes desse grupo ideológico. 

O assunto, inclusive, foi tratado com chacota pelo senador Rogério Marinho no evento: “Tá cheio de robô do Bolsonaro aqui. Quero agora que todos gritem: ‘volta, capitão’”. O político fazia referência a uma performance de apoiadores de Bolsonaro que viralizou na campanha de 2018, com eleitores do então candidato simulando movimentos robóticos e afirmando: “Eu sou robô do Bolsonaro”. 

O senador retomou o caso para exaltar a rede orgânica de comunicação que a direita conseguiu construir no Brasil: “Nós temos que fazer a nossa parte de contrapor as narrativas do outro lado”. A ideia foi reforçada pelo presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que afirmou que seria a esquerda, e não a direita, que defendia a censura nas redes sociais.

Uma das principais vozes da extrema direita brasileira e figura responsável pela articulação de Jair Bolsonaro nas redes sociais, Carlos Bolsonaro defendeu a ocupação das trincheiras das big techs: “É aquilo que o professor Olavo sempre disse: ocupar os espaços”.  

Até hoje responsável pelas contas do pai na internet, Carlos Bolsonaro compartilhou sua rotina intensa para manter atuantes todos os perfis de ambos nas redes. Cada um possui cerca de 15 perfis, todos administrados por Carlos, em plataformas como Instagram, Facebook, X, YouTube, Tiktok, Kwai, Threads, WhatsApp, Telegram, Gettr, Linkedin, Truth, entre outras.

Apesar de todo o know-how acumulado sobre a linguagem das redes, o vereador do Rio admitiu que ainda tem muito o que aprender, especialmente com os mais jovens, que dominam as tecnologias virtuais: “Eu estou vendo a molecada chegando aí com uma força, e essa molecada, grande parte dela está sentada aqui na minha frente. Vocês são o futuro do Brasil”.

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fonte: https://www.intercept.com.br/2025/06/04/oficinas-google-meta-partido-bolsonaro/


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