Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e a ONU Mulheres desenvolveram dois novos índices para mensurar o grau de desenvolvimento de meninas e mulheres nas sociedades. As novas abordagens constataram que, em média, mulheres atingem apenas 60% do seu potencial e alcançam 28% menos que homens em desenvolvimento humano.

A reportagem é de Edelberto Behs.

Índice de Empoderamento das Mulheres (WEI, a sigla em inglês) avalia o poder e a liberdade de fazer escolhas e aproveitamento de oportunidades na vida, informa o portal ONU News. O outro novo parâmetro, o Índice Global de Paridade de Gênero (GGPI) considera o status da mulher em relação ao homem em quatro dimensões essenciais do desenvolvimento humano.

A pesquisa englobou 114 países, analisando fatores como saúde, educação, trabalho, inclusão financeira, poder de decisão e violência. Os dados indicam que 3,1 bilhão de mulheres e meninas – mais de 90% da população feminina mundial – vivem em países com baixa ou média performance de empoderamento e baixo ou médio desempenho em paridade de gênero.

Menos de 1% da população feminina vive em um dos 47 países que apresentam elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), alto empoderamento feminino e alta performance em paridade de gênero. Cerca de 8% das mulheres e meninas moram em países que apresentam ambiente favorável à equidade, mas ainda assim não gozam de amplo poder de liberdade de escolha. O Brasil ocupa a 87ª posição entre os 191 países medidos, com um IDH de 0,754. Em 2021, esse índice era de 0,765. O país caiu três posições.

Na Líbia, lei exige que mulheres e meninas só podem viajar ao exterior acompanhadas de um “guardião masculino”. Pelas novas regras, todas as líbias que viajam para fora do país são obrigadas a preencher um formulário no qual fornecem informações pessoais e as razões para fazer o trajeto sem um acompanhante masculino. As regras estão sendo contestadas por relatores da ONU.

A representante especial do secretário-geral para Violência Sexual em ConflitosPramila Patten, denunciou no Conselho de Segurança da ONU as “batalhas travadas sobre os corpos de mulheres e meninas” em áreas de conflito. Em 2022, as Nações Unidas registraram 2.455 ocorrências de violência sexual vitimando mulheres e meninas em 20 conflitos locais pelo mundo; 32% desses casos envolveram crianças.

No topo da lista aparece a República Democrática do Congo, com 701 violações verificadas. Patten citou, ainda, exemplos de violência contra mulheres no Haiti, na Etiópia, no Sudão e na República Centro-Africana. No Iraque, crianças nascidas de estupro não conseguem documentos de identidade, pois a lei do país exige prova de paternidade. Na Ucrânia, além de ocorrências de violência sexual, ficou evidente a vulnerabilidade de milhões de meninas e crianças forçadas a deixar o país.

No seu relatório, Pramila Patten, depois de visitar vários desses países, deixou claro o efeito da impunidade. Enquanto as consequências não forem sérias, as violações não serão contidas, apontou. O relatório recomenda justiça sensível ao gênero e reforma do setor de segurança; fortalecimento dos serviços multissetoriais para sobreviventes; redução do fluxo de armas pequenas e levas; compromissos diplomáticos para abordar a violência sexual em cessar-fogo e acordo de paz.

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fonte: https://www.ihu.unisinos.br/630760-a-equidade-de-genero-ainda-esta-longe-de-chegar-a-um-ponto-de-equilibrio

 


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