Nos dias de Carnaval, as ocorrências de estupro aumentam 50%, e mais da metade das brasileiras dizem que foram vítimas de algum tipo de violência sexual e constrangimento. Até que todas as pessoas se sintam, de fato, seguras e livres para se expressarem, a folia poderá ser chamada de festa mais democrática do país
Por Camila Cetrone, redação Marie Claire — São Paulo (SP) - 22.1.24
Por que o Carnaval no Brasil não é para mulheres? — Foto: Reprodução/Campanha Não É Não
O Carnaval 2024 está quase entre nós. Os dias de folia são a oportunidade perfeita para extravasar e ter um gostinho de uma liberdade que não tem igual no restante do ano. Se você é mulher, pode se sentir mais à vontade para usar maiô e biquíni na rua (ou dispensar a parte de cima do look, por que não?), dançar com as amigas sem hora para ir embora e se jogar na pegação (justo, aliás).
Mas a dita festa mais democrática do país, no entanto, não é tão democrática assim. No cenário atual, por mais que desejemos, pensemos e queiramos o contrário, o Carnaval não é feito para nós, mulheres. Isso fica evidente quando ampliamos as lentes sobre a forma como mulheres são tratadas durante o período. É aí que entra a face mais obscura do período: o exercício de nossa liberdade é confundido com convites e permissividade irrestrita aos nossos corpos mais desinibidos.