Na maioria dos casos, elas estavam a pé ou dentro do ônibus, quando receberam olhares insistentes e cantadas inconvenientes ou foram vítimas de importunação/assédio sexual ou assalto/furto.

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24 de novembro, 2023 Agência Patrícia Galvão

 

A insegurança é uma realidade para a maioria das mulheres brasileiras quando saem de casa: 74% já passaram pessoalmente por situações de violência quando se movimentavam pela cidade e 88% conhecem ao menos uma mulher que foi vítima de violência quando se deslocava. Estes são dados da última pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber, para captar as impressões e vivências das brasileiras no deslocamento urbano.

Metade das mulheres que declararam já terem sofrido um estupro quando se moviam pela cidade estavam a pé quando foram violentadas, sendo que houve maior número de relatos de estupro nessa forma de deslocamento por mulheres negras (56%) do que por não-negras (43%).

Mais mulheres negras (34%) do que não-negras (30%) relatam que já sofreram assalto/furto/sequestro relâmpago quando se moviam pela cidade. E a maioria das mulheres negras (56%) foram vítimas de racismo quando estavam a pé.

Das mulheres que passaram por uma ou mais dessas situações, 69% disseram que não reagiram e 59% não procuraram a polícia.

Acesse na íntegra o relatório da pesquisa “Percepções e experiências das mulheres quando se deslocam pelas cidades” (Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, novembro/2023).

Fator segurança em primeiro lugar

Diante do alto número de mulheres que já passaram por situações de violência, não causa surpresa que 9 em cada 10 mulheres afirmam que a segurança é sua principal preocupação enquanto se deslocam pela cidade – à frente de outros fatores, como custo, tempo ou conforto e praticidade – e também que 8 em cada 10 considerem que os espaços públicos são mais perigosos para as mulheres do que para os homens.

A maioria (55%) das mulheres saem de casa ao menos 5 vezes por semana e 6 em cada 10 costumam sair à noite. E, embora as ruas da vizinhança sejam consideradas mais seguras do que as da cidade em geral, apenas 27% das mulheres dizem se sentir muito seguras quando andam por perto de casa. Mais mulheres negras (41%) do que não-negras (35%) percebem que as ruas da cidade em geral não são nada seguras.

A cada 10 mulheres, 7 declaram ter medo de saírem sozinhas à noite no bairro onde moram. E mais mulheres negras (45%) do que não-negras (38%) concordam totalmente com a frase “Eu tenho muito medo de sair sozinha no meu bairro à noite”.

Assalto, estupro e assédio: os maiores medos da maioria das mulheres

97% dizem sentir medo e 83% sentem muito medo de que pelo menos uma dessas situações aconteça em seus deslocamentos e a maioria considera que, em comparação há 5 anos, hoje todas as situações listadas acontecem mais.

Mais mulheres negras declaram sentir muito medo de sofrer estupro quando se deslocam: são 75% em comparação com 60% das não-negras. Também em relação ao medo de sofrer importunação/assédio sexual, mais mulheres negras (65%) do que não-negras (53%) declaram que sentem muito medo de passar por essa situação.

Quais são os meios mais inseguros? E qual é mais fácil denunciar ou com maior chance de punição?

Ônibus, trem, a pé e metrô são os meios de transporte em que as mulheres se sentem menos seguras. Mais mulheres negras (57%) do que não-negras (45%) declaram que se sentem inseguras quando se deslocam de ônibus, assim como quando estão no trem (mulheres negras 64% x mulheres não-negras 43%).

O carro particular é considerado o meio mais seguro e o carro por aplicativo é considerado mais seguro para mulheres do que o transporte público. Por outro lado, o ônibus é considerado o meio em que é mais fácil para denunciar crimes como importunação sexual, assédio e estupro, e também aquele com maior chance de punição para o agressor, seguido de carro por app.

Ausência de policiamento e de iluminação são os principais fatores para sensação de insegurança das mulheres

A sensação de insegurança relaciona-se sobretudo a falhas ou ausência de políticas públicas que poderiam apoiar o deslocamento seguro das mulheres.

Mais mulheres negras (10%) do que não-negras (6%) consideram que o principal fator de insegurança são as falhas no transporte público (longo tempo de espera nos pontos, poucas linhas e pontos de ônibus em determinados bairros).

9 em cada 10 mulheres já adotaram estratégias para aumentar a segurança em seus deslocamentos

A maioria já toma alguma medida individual para reduzir a sensação de insegurança: ter companhia, mudar a forma de se locomover, evitar passar por lugares escuros, compartilhar a rota com alguém, entre outras.

Quais caminhos elas apontam para melhorar sua sensação de segurança?

Embora venham atuando individualmente para aumentar a sensação de segurança, as mulheres reconhecem a responsabilidade do Estado ao apontarem diversas iniciativas públicas que poderiam contribuir para que se sentissem mais seguras em seus deslocamentos, como melhorias nas condições de policiamento e de iluminação das ruas, a redução dos espaços abandonados, além de corrigir deficiências do transporte, incluindo maior preparo de funcionários das empresas para lidar com as ocorrências.

Também são sugeridas campanhas educativas para promoção do respeito às mulheres e estimular a denúncia.

Acesse na íntegra o relatório da pesquisa “Percepções e experiências das mulheres quando se deslocam pelas cidades” (Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, novembro/2023).

“Essa pesquisa, assim como outras que o Instituto Patrícia Galvão já realizou, mostra que o medo da violência e do assédio sexual assombra o cotidiano das mulheres brasileiras. É um medo que acompanha as mulheres desde o momento em que elas saem de casa, quando andam pelas ruas, quando estão no ponto de ônibus, e também dentro do transporte. Elas convivem com esse medo até a hora em que voltam para casa. A insegurança na mobilidade impacta a liberdade de mulheres e meninas, restringindo seus movimentos e tirando delas as oportunidades de desfrutarem de seus bairros e de suas cidades. Além de reduzir sua participação na vida pública, seja na escola, no trabalho ou no lazer, também impacta negativamente sua saúde e bem-estar. E as mulheres percebem a responsabilidade do Estado, ao indicar melhorias nas políticas públicas de segurança e de gestão municipal como as principais iniciativas para reduzir seus medos e as experiências de violência pelas quais passam quando saem de casa”, afirma Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.

“Assim como a segurança é o principal fator de preocupação para as mulheres, esse também é um ponto prioritário para a Uber. Nossas iniciativas em parcerias com especialistas – e projetos como esta pesquisa fazem parte do compromisso da Uber de proativamente enfrentar a violência de gênero e contribuir com a construção de uma sociedade mais segura para mulheres e meninas”, comenta Natália Falcón, gerente de comunicação na Uber para assuntos de segurança e de parcerias para o enfrentamento à violência contra a mulher.

Sobre a pesquisa

A pesquisa Percepções e experiências das mulheres quando se deslocam pelas cidades foi realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber. Participaram deste estudo nacional online 1.618 mulheres com 18 anos de idade ou mais, de 27 de setembro a 18 de outubro de 2023. Com margem de erro de 2,2 pontos percentuais, a pesquisa foi ponderada a partir da distribuição da população brasileira por região, sexo e escolaridade, conforme parâmetros da PNAD/IBGE.

*Ilustração: Sofia Costa

Contatos
Julia Cruz – Instituto Patrícia Galvão (11) 94481-9443 | Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Uber – Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Gerson Sintoni – GBR Comunicação/Instituto Locomotiva | (11) 99687-9074 | Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

fonte: https://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/3-em-cada-4-mulheres-ja-sofreram-violencia-no-deslocamento/


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