Unindo literatura ficcional feminista e pesquisa acadêmica, livro foi esgotado um mês após seu lançamento; autora e pesquisadora da USP inicia campanha de financiamento coletivo para 2ª edição

  Publicado: 29/06/2023 - Jornal da USP
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Para Mulheres Porcas, Malvestidas e Descabeladas entra em financiamento coletivo para lançar segunda edição, após recorde de vendas da primeira – Foto: Cia Ruído Rosa

 

Não é tão comum que uma pesquisa acadêmica tenha, em seu processo, um lançamento de livro ficcional. E quais as chances desse livro, lançado em 2022, se esgotar em menos de um mês? Tudo isso aconteceu com o livro Para Mulheres Porcas, Malvestidas e Descabeladas, de Anna Carolina Longano, representante da nova geração da literatura feminista. 

Anna é doutoranda do Programa de Mudança Social e Participação Política da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, orientada pela professora Marilia Velardi, que assina o prefácio do livro. E acaba de lançar uma campanha de financiamento coletivo para a 2ª edição do livro.

Por meio do site do Catarse, as pessoas poderão apoiar a produção da 2ª edição da obra, com valores a partir de R$ 10. De acordo com o valor, cada pessoa apoiadora recebe recompensas, que vão desde a divulgação do nome, passando pelo próprio livro, até uma palestra exclusiva da autora sobre representações dos corpos das mulheres e produção de literatura feminista independente.

Anna Carolina Longano é doutoranda em Mudança Social e Participação Política pela EACH/USP – Foto: Cia Ruído Rosa

“A primeira edição do livro fez com que a pesquisa acadêmica que realizo fosse para o mundo real. Percebi então que a investigação dialoga com muitas outras mulheres para além da minha bolha. A tentativa agora é fazer com que o livro, ou seja, a pesquisa, alcance ainda mais mulheres e ainda mais estados brasileiros. Afinal, quanto maior o alcance da pesquisa e da literatura feministas, maior o impacto social: lutando para quebrar a representação hegemônica das mulheres, construímos espaços para outras mulheres e outros corpos. Se foi na literatura do século 19, nos escritos de Nísia Floresta, no romance abolicionista de Maria Firmina dos Reis, ou nos jornais de Francisca Senhorinha da Motta Diniz que os feminismos brasileiros começaram a ser forjados, que continuemos o trabalho de questionar, provocar e produzir conhecimentos feministas nas produções literárias do século 21.” 

Leia uma prévia do texto aqui.

 

Identificação

Tentando entender como pessoas de Rondônia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais tinham descoberto o livro, a resposta foi unânime: todas descobriram o livro através de matéria publicada pelo Jornal da USP. “Em menos de um mês, os livros tinham se esgotado, mas ainda tinham muitas pessoas que queriam comprá-lo”, conta Anna. “A reação das mulheres ao lerem a matéria no Jornal da USP não poderia ser melhor. Várias delas diziam querer o livro, pois se identificaram com o título.” 

As personagens dos contos são mulheres adultas e não são apresentadas como mocinhas, mães salvadoras ou perfeitas, mas com qualidades, defeitos, medos, dúvidas e certezas. “As personagens, assim como muitas mulheres que compraram o livro, só estão vivendo, como podem, em um mundo violentamente patriarcal”, afirma a pesquisadora. 

Entregue como um presente, embrulhado em um papel kraft porcamente amassado, o livro Para Mulheres Porcas, Malvestidas e Descabeladas tem uma capa em branco. O convite da autora é para que cada pessoa que lê manufature a própria capa escrevendo, rabiscando, cortando, colando, como quiser. De acordo com a autora, a proposta tem a ver com o resgate e a valorização do saber artesanal, que é historicamente ligado às mulheres.

Já os contos foram surgindo a partir das pesquisas acadêmicas da autora sobre feminismos e representações das mulheres na literatura, na medicina, nas leis e nas propagandas. Daí surgiu o ponto em comum de cada conto, a distopia, os ambientes extremamente violentos nos quais as personagens estão inseridas.

Segundo a autora, a violência é perpetrada aos corpos de mulheres de diferentes formas: física, psicológica, econômica, cultural e socialmente. Por isso, os contos tratam de temas como estupro, suicídio, pressões estéticas, papéis sociais de gênero, sexualidade, maternidade e opressões de raça e classe, questionando estereótipos e comportamentos atrelados ao feminino. Tudo isso com um humor debochado. “Há muitas formas de se reagir à violência, inclusive com um sorriso sarcástico no canto da boca”, diz. 

Serviço

O lançamento da campanha de financiamento coletivo pelo Catarse para a 2ª edição do livro Para Mulheres Porcas, Malvestidas e Descabeladas começa no dia 29 de junho, no link: https://www.catarse.me/paramulheresporcas  

A campanha será “Tudo ou Nada”, ou seja, a 2ª edição só irá acontecer se o projeto atingir o valor total. Caso a campanha atinja seu objetivo, até o fim do ano as pessoas apoiadoras receberão as recompensas escolhidas. Caso a campanha não alcance o valor total, as pessoas apoiadoras receberão o valor de volta. 

Mais informações: http://www.ciaruidorosa.com/

fonte: https://jornal.usp.br/diversidade/para-mulheres-porcas-malvestidas-e-descabeladas-inicia-campanha-para-2a-edicao/

 


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