Quase lá: A mulher negra e o Brasil que não sabe elogiar, por Bárbara Ferrito

Mulata é uma palavra muito ruim. Nada nela se salva. (Agência Patrícia Galvão - foto: Mídia Ninja)

 

9 de agosto, 2022 Por Piauí

Para além do salário, esse é o grupo mais afetado pela precarização das relações de trabalho

(Bárbara Ferrito/Piauí) Mulata é uma palavra muito ruim. Nada nela se salva. Vem da ideia de mula, no sentido de animal híbrido, indicando a mestiçagem da pessoa. Como imagem, traz a visão erotizada, simplista e coisificada da mulher negra, como objeto de desejo e perdição. Qual não foi a minha surpresa, quando, advogada de uma empresa, fui conhecer meu novo chefe, e ele, que apelidava absolutamente todo mundo, me dedicou esse apelido. Ainda em choque, mas tentando manter a compostura, perguntei a razão pela qual eu teria um apelido. Com um sorriso impróprio para ambientes profissionais, disse: “Você deve sambar pra caramba.”

Naquele momento, eu já não era mais eu. Eu era a imagem esvaziada de uma mulher negra com todos os estereótipos possíveis. E tenho dificuldade ainda hoje, quando penso nesse dia, de saber o que gerou mais satisfação no meu chefe: me dar um apelido desses ou ver o meu desconforto e inabilidade em sair daquela situação. No final, consegui convencê-lo a não me chamar por apelido. Em troca, recebi hostilidade em todas as nossas interações, que foram bem mais numerosas do que eu gostaria, já que ele era meu chefe imediato.

Acesse a matéria no site de origem.

 

 

fonte: https://agenciapatriciagalvao.org.br/mulheres-de-olho/trabalho/a-mulher-negra-e-o-brasil-que-nao-sabe-elogiar-por-barbara-ferrito/

 


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