O promotor de Justiça Daniel Bernoulli, da Promotoria do Tribunal do Júri do Paranoá, foi o convidado do ciclo de eventos do jornal desta terça-feira (03/10)
Os procedimentos para a instauração de um processo criminal, desde o fato até a investigação e o julgamento, foram tema de palestra ministrada pelo promotor de Justiça Daniel Bernoulli, da Promotoria do Tribunal do Júri do Paranoá, à equipe do Correio Braziliense. A oficina, ocorrida ontem, visou ampliar os conhecimentos dos profissionais para a produção e a edição de conteúdos relacionados à temática das violências.
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Daniel destacou a importância da realização dessa oficina para a troca de informações entre o Ministério Público e os jornalistas, a fim de criar um ambiente de discussão sobre todo o processo que acontece nos tribunais. "O contato com a imprensa nos ajuda a esclarecer algumas dúvidas. Nesses encontros, conseguimos passar a percepção exata de como as coisas acontecem, nomenclaturas, formas de referência a determinados atos que podem sair equivocados na imprensa", frisou.
Para o promotor, essa abertura com os meios de comunicação é de suma importância para passar as informações de forma correta ao público. "Na próxima matéria produzida acerca disso (julgamentos), os jornalistas que acompanharam a nossa conversa, hoje, terão mais segurança para usar os termos", enfatizou, relembrando que o estreitamento de laços entre o Ministério Público e a imprensa facilita a troca de informações entre ambos. "O jornalista terá condições de vir até nós para colher e passar a informação de qualidade para seu público", disse.
Feminicídio
A editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense, Ana Maria Campos, avaliou que a aula do promotor Daniel Bernoulli foi excelente. "Responsável pela acusação em casos de grande repercussão, como a chacina de uma família no Paranoá e em Planaltina, Daniel trouxe um panorama sobre como são julgados os crimes contra a vida no nosso país, processos complexos e com uma tramitação singular", assinalou. "Foi uma excelente contribuição para o aperfeiçoamento da nossa cobertura jornalística e para que a informação chegue com mais precisão ao nosso leitor", observou.
A oficina teve como público editores, subeditores, repórteres, infografistas, chargistas, fotógrafos e estagiários. Ao longo da palestra, o especialista explicou minuciosamente todas as etapas do processo criminal. O promotor comentou sobre alguns casos concretos e abriu espaço para que os profissionais do Correio tirassem suas dúvidas e colocassem pontos para acrescentar ao debate.
Um dos aspectos levantados foi a cobertura da imprensa nas ocorrências de feminicídio. "A partir do momento em que você proporciona mecanismos para que a mulher saia da 'aba' de seu algoz, esse cara não vai aceitar isso tão facilmente. E essas reações estão chegando mais fortemente", avaliou. Para o promotor Daniel Bernoulli, é preciso divulgar os casos, para que a sociedade não feche os olhos para os crimes que estão acontecendo contra as mulheres.
Em agosto deste ano, a equipe do Correio Braziliense recebeu também a presidente da Comissão de Enfrentamento da Violência Doméstica da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), Cristina Tubino, que discutiu as coberturas jornalísticas em casos de violência doméstica. Ao longo da palestra, a especialista abordou os tipos e os ciclos da violência, além de detalhar a Lei Maria da Penha, entre outros tópicos.
*Texto de José Augusto Limão, estagiário sobre a supervisão de Malcia Afonso