Vítimas de pastor de uma igreja evangélica no Bairro Jardim Vitória, na Região Nordeste de BH, procuram a polícia para denunciar crimes em abril

 

postado em 20/05/2025 14:28

Delegada Larissa Mascotte explica o caso -  (crédito: Leandro Couri/EM/DA Press)

Delegada Larissa Mascotte explica o caso - (crédito: Leandro Couri/EM/DA Press)

O pastor de uma igreja evangélica no Bairro Jardim Vitória, na Região Nordeste de Belo Horizonte, foi indiciado por assédio sexual e estupro. Ao menos sete mulheres procuraram a Polícia Civil no final de abril deste ano para denunciar o caso.

O primeiro abuso relatado à polícia ocorreu no ano de 2003 e o último investigado foi em 2023. Segundo as delegadas Juliana Califf e Larissa Mascotte, a maior parte dos crimes aconteceu dentro das dependências da igreja, antes ou depois dos cultos.

“Durante os atos, ele citava versículos bíblicos e coagia as vítimas, dizendo que elas seriam amaldiçoadas. Ele afirmava ser um mandado de Deus e que as vítimas não poderiam se opor aos atos de um mandado de Deus por pena de serem amaldiçoadas”, explicou a delegada Larissa.

Ainda conforme a delegada, o investigado colocava uma vítima contra a outra para tentar impedir que os casos fossem denunciados. “Ele descredibilizava as vítimas, falava muito mal dessas vítimas dentro da igreja e criava uma inimizade entre elas para que uma não contasse do abuso para outra. E também para, caso uma denunciasse, para que ninguém acreditasse".

A investigação começou quando uma vítima tomou coragem e denunciou o caso. Depois da primeira denúncia, outras mulheres procuraram a delegacia para fazer um boletim de ocorrência. A delegada acredita que há mais vítimas do pastor que não denunciaram os crimes.

Leia também: Mortes para não esquecer: DF registra dois feminicídios em menos de 24 horas

"No início, as mulheres acreditavam que tinham sido vítimas únicas do pastor. Elas achavam que só elas teriam sido vítimas de abuso e que, caso elas procurassem a polícia, ninguém acreditaria nelas, que elas não teriam provas para comprovar os abusos. Porém, quando uma começou a denunciar, todas as outras criaram coragem e sabemos que existem outras vítimas. Nós sabemos que existem outras vítimas que talvez, por uma questão de medo de ser desacreditada, não denunciaram".

Duas das vítimas são mãe e filha. De acordo com a delegada, a filha era menor de idade quando o abuso aconteceu. “O pastor abriu a blusa dela e passou as mãos nos seios dela. A mãe dela já sofria abusos sexuais por parte desse pastor. A menor contou para o pai do ocorrido e foi aí que a família decidiu não frequentar mais a igreja”.

O homem foi indiciado seis vezes por estupro, cinco vezes por violações sexual mediante fraude e duas vezes por importunação sexual. A pena somada para esses crimes é de mais de 100 anos.

Ainda de acordo com a delegada, a Polícia Civil solicitou a prisão preventiva do suspeito durante a investigação, mas o pedido foi indeferido. O homem ainda chegou a ser intimado durante o inquérito, mas se manifestou através do advogado, dizendo que estava doente e que ia se reservar no direito de permanecer em silêncio.

Os abusos

Ao Estado de Minas, uma das vítimas, que não será identificada, contou que as agressões começaram em 2006, quando ela tinha 26 anos. Hoje, com 35, a mulher afirma que ainda sofre perseguições do suspeito, que teria manipulado fiéis contra ela.

A mulher contou que foi a primeira igreja que frequentou. Em um dia, o pastor a chamou para ir até um espaço em cima da igreja, onde alguns fiéis moravam. Ela afirma que o homem a mandou sentar no colo dele.

Mesmo constrangida, ela relata que fez o que o líder religioso mandou, uma vez que, desde que passou a frequentar o templo, foi ensinada que o pastor “tinha que ser honrado, respeitado e que era um representante de Deus na terra”. A mulher detalha que o homem, então, colocou a mão em seu peito e, ao ver que ela ficou sem graça, mandou que não contasse para ninguém. Em seguida, ele teria dado três tapas nas nádegas dela.

“Eu nunca tinha tido nenhuma experiência com Deus antes, para mim era tudo muito novo. Quando uma pessoa é recém-convertida e o pastor fala que o vermelho é verde, a gente acredita. Então, eu, como era nova convertida, achei que aquilo ali era normal, porque ele falava que tudo o que ele fazia era baseado no Espírito Santo”, conta.

A mulher conta que o estupro consumado aconteceu dentro da igreja. Conforme ela, ele novamente a levou para os cômodos acima do templo e questionou se ela era virgem. Ao ser informado que sim, o homem disse que queria comprovar isso. Mesmo diante das negativas da adolescente, o pastor a estuprou e, em seguida, a levou para uma farmácia e a obrigou a tomar remédios.

“Quando ele concluiu, ele disse que eu menti para ele, dizendo que era virgem. Na época, eu ainda fiquei tentando justificar, como se eu estivesse errada. Hoje, eu tenho raiva disso e entendo a maldade que ele fez comigo”, desabafa.

 

fonte:  https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2025/05/7151604-pastor-de-igreja-e-indiciado-por-crimes-sexuais-contra-mulheres.html

 


Artigos do (e sobre o) CFEMEA

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

legalizar aborto

nosso voto2

...