Nair Brito
Integrante do GIV-SP (Grupo de Incentivo à Vida)

Enxergar... viver... cidadania... mulher. Palavras que sugerem simplicidade, atitude, cotidiano, ser. Ora presentes, ora não, vivê-las bastaria. No entanto é preciso colocá-las em pratos limpos!

Vamos então, a essa tarefa! Desde que a epidemia de HIV/Aids visibilizou as mulheres, as ONGs e os programas de governo vêm desenvolvendo ações tanto no campo da assistência, quanto da prevenção, na tentativa de minimizar o impacto entre as portadoras de HIV/Aids e de reduzir a incidência de DST/HIV/Aids entre a população feminina.

No entanto, sabe-se que é preciso intervir mais devido ao número crescente de mulheres com diagnósticos positivos para o HIV. É preciso, portanto, criar e facilitar o acesso aos serviços de atendimento e prevenção, bem como melhorar a qualidade da assistência para todas, no país.

O projeto

Para transformar esse desejo em realidade, nove mulheres com HIV/Aids de todo o país e de diferentes ONGs encontraram-se no Fórum 2000 e decidiram buscar apoio técnico e financeiro junto ao Ministério da Saúde para realizar o projeto Cidadã PositHIVa. A promoção das práticas de saúde e o exercício de cidadania para todas as mulheres seriam o eixo norteador de nossas atividades. A idéia surgiu a partir da necessidade de se encontrar soluções junto às portadoras de HIV/Aids.

No último mês de junho, o Movimento Social de Mulheres com o apoio financeiro da Coordenação Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde iniciou a execução, em todo o território nacional, do projeto Cidadã PositHIVa. Esse projeto busca melhorar a qualidade de vida das soropositivas promovendo o fortalecimento individual e coletivo, estimulando as práticas de atuação social e o exercício da cidadania. As ações também devem favorecer a redução da infecção pelo HIV entre a população feminina, potencializando as medidas de assistência e prevenção em HIV/Aids que vêm sendo implementados no âmbito do SUS.

Até o momento, o projeto viabilizou a realização de três treinamentos para as cinco regiões do país, envolvendo 60 mulheres. As participantes foram capacitadas para implementar ações em seus municípios tais como: criação de grupos de apoio a gestantes positHIVas, elaboração de projetos de geração de renda e atuação nos serviços de saúde. O Cidadã PositHIVa é coordenado pelas ONGs: Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS - RNP + Núcleo Campinas; RNP + Núcleo Porto Alegre; ALIA - Londrina; Grupo VIVHER - Belo Horizonte; GIV - São Paulo; Centro das Mulheres do Cabo - Pernambuco; Grupo Arco-Íris - Brasília; ALVIDA - Roraima.

Diretrizes do Cidadã PositHIVa

Três perguntas são eixos centrais em nossas reflexões diárias: quais são as necessidades das mulheres com HIV/Aids? Quais são os recursos de prevenção para a população feminina, em geral? Que estratégias devemos utilizar para, de fato, implementarmos um trabalho voltado para esta população?

Tais questões estão contidas nas atividades em geral, na definição de estratégias, avaliações e na produção de questionários que enviamos para todo o Brasil. Enfim, em todos os instrumentos disponibilizados para execução desse projeto.

Analisando as questões evidenciadas pelas avaliações, entendemos que estamos no caminho. Os treinamentos até aqui realizados (em Natal, Curitiba e Brasília) causaram mudanças muito significativas: as participantes redimensionaram suas vidas na esfera micro e macro e aceitaram envolver-se consigo mesmas. Muitas recriaram a própria vida, atuando como agentes de transformação e promoção da saúde em suas comunidades.

Esse percurso vivido até aqui, somado às experiências de diferentes organizações, fortalece o desejo e a necessidade de continuarmos construindo essa trajetória junto com as mulheres portadoras do HIV/Aids. O processo foi iniciado, conseguimos identificar que uma das principais necessidades é a criação e ampliação de espaços (públicos ou privados) que facilitem o diálogo, incentivem a criação de projetos individuais e coletivos. Principalmente, que as reconheça como cidadãs portadoras não só de HIV, mas de direitos universais ao ser humano.

Essas mulheres fortalecidas estão inseridas em suas comunidades, propondo ações que colaborem não só na prevenção das DSTs/HIV/Aids entre outras mulheres, mas também formando assim um ciclo que proporcione a todas nós mulheres a inclusão da simplicidade e a qualidade inerente à essência do viver.

Maiores informações pelo telefone (19) 3295-9558 ou pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..


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