Outubro 1997
Dezembro 2008
Outubro 2010

A luta pela legalização do aborto está estampada em boa parte das capas do Jornal Fêmea. A edição 57, de outubro de 1997, trazia na capa o êxito de uma campanha pela regulamentação do aborto legal, que havia colhido mais de 20 mil assinaturas no Brasil. Cem edições depois, em outubro de 2008, o Fêmea traz uma entrevista sobre a conquista histórica do México, primeiro país latino-americano a aprovar a legalização do aborto, em 2007, na Cidade do México.

Se por um lado as mulheres tinham um bom motivo para comemorar em 2008, por outro, a edição levantou várias preocupações sobre a ilegalidade do aborto no Brasil, com o dossiê “Realidade do Aborto Inseguro em Pernambuco: O Impacto da Ilegalidade do Abortamento na Saúde das Mulheres e nos Serviços de Saúde de Recife e Petrolina”. O principal alerta levantado pelo dossiê era acerca da discriminação sofrida por mulheres que procuram os serviços de saúde em situação de abortamento, inclusive nos casos previstos pela legislação.

Em 2010, o tema volta à capa do jornal, na edição 167, pelo debate levantado nas eleições presidenciais. O aborto tinha se tornado um ponto central para a opinião pública. Nada de debate sobre saúde pública e autonomia das mulheres: todo mundo apelou para o fundamentalismo na corrida eleitoral. Como disse Jacira Melo, do Instituto Patrícia Galvão, à edição: “nas eleições de 2010 convivemos com dois problemas significativos: a ausência de conexão das escassas propostas de políticas para as mulheres a um programa de governo para o Brasil do século 21 e, consequentemente, a não diferenciação entre as propostas apresentadas pelas candidaturas de Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva.”


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