Isso a curto prazo, adverte Marília Fiorillo, pois, a médio prazo, a rede digital tem se mostrado um potente anestésico, a ponto de o celular na mão ser o rosário contemporâneo, como prega o filósofo coreano Byung-Chul Han

 Publicado: 05/04/2024
 

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Marília Fiorillo dá início à sua coluna de hoje (05) citando o filósofo coreano e radicado na Alemanha Byung-Chul Han, que, em seu livro Não-Coisas: Quebras do mundo de hoje, adverte que a epidemia de opioides (como fentanil), que hoje mata mais pessoas do que algumas guerras, só tem um paralelo igualmente mortífero: o patológico vício em redes digitais. Não bastasse tal advertência, ele alerta para o risco de que o universo digital destrua a humanidade mais rápido, por exemplo, do que a crise climática. “Para Han, vivemos sobrecarregados e esgotados por informações – a maioria mentirosa ou inútil – o que nos transforma em zumbis narcisistas. O mundo tangível acaba confundido com o mundo virtual, gerando uma sociedade deprimida, cruel e desorientada. Esta seria a sociedade do cansaço”, arremata Marília.

De acordo com ela, a obsessão com o compartilhamento de informações e dados, sobretudo privados, nos converte em infômanos submersos num turbilhão de estímulos contraditórios, que destroem nossa estabilidade e tranquilidade, nos roubando os pequenos rituais cotidianos, a pausa necessária à reflexão, a contemplação, o convívio com o outro. No começo da digitalização, diz o filósofo coreano, se sonhava que ela substituiria o trabalho pelo jogo. Na verdade, ela explora impiedosamente a pulsão humana pelo jogo. “E não há  maior dispositivo de subjugação, vigilância e controle sub-reptício do que o smartphone ou o celular – eles são uma cela solitária e, ao mesmo tempo, um confessionário digital. O celular na mão é o rosário contemporâneo. E os likes, o amém digital”.

Ela conclui: “No romance de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, o totalitarismo não operava pela violência, mas pela administração de uma droga do prazer, o Soma, que fazia de todos uns cordeirinhos satisfeitos. Assim é o universo digital, um  potente anestésico. Mas isso a médio prazo. A curto prazo, a rede digital tem se mostrado uma poderosa ferramenta para fraudes, golpes, falcatruas, crimes financeiros e até armadilhas de tocaias e assassinatos. Quem nunca sofreu um golpe, ou tentativa, no seu celular?”.


Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

 

fonte: https://jornal.usp.br/radio-usp/universo-digital-paraiso-das-fraudes/

 


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