Três ex-alunas denunciaram o sociólogo português e outros membros do Centro de Estudos Sociais de Coimbra por assédio sexual

 atualizado 11/04/2023 19:20


Hugo Paiva/Divulgação

 

O sociólogo Boaventura de Sousa Santos, de 82 anos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em Portugal, foi denunciado por assédio sexual por três ex-alunas da instituição.

Boaventura, o maior intelectual português da atualidade, é acusado de ter tocado no joelho de uma estudante estrangeira de doutorado e convidar a moça para “aprofundar o relacionamento” como pagamento pelo seu apoio acadêmico. O sociólogo também é denunciado pelas ex-estudantes de abraços longos e excessos de familiaridade.

As acusações foram publicadas em um artigo do livro “Sexual Misconduct in Academia – Informing an Ethics of Care in the University” (Má conduta sexual na academia – para uma ética de cuidado na universidade), divulgado em março pela prestigiada editora académica Routledge.

As autoras do artigo são Lieselotte Viaene, Catarina Laranjeiro e Myie Nadya Tom. As estudantes não citaram nominalmente o sociólogo Boaventura ou o CES, mas as características do professor e da instituição são apontadas como chaves para identificar o autor e o local dos assédios. O docente é descrito como “professor estrela” com mais de 70 anos.

Ao jornal português Diário de Notícias, o sociólogo declarou que as autoras só não o citaram para se preservar juridicamente. “Aos 82 anos de idade, julgava ter direito a um pouco de paz, mas infelizmente o mundo em que vivemos não permite que isso suceda”, afirmou.

O Centro de Estudos Sociais negou os casos aconteceram dentro da instituição e divulgou nota em que declara que a academia reproduz “relações de poder desiguais”. Além disso, o CES afirmou que irá criar uma comissão independente para investigar as possíveis falhas da organização nas condutas antiéticas denunciadas pelas autoras.

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    fonte: https://www.metropoles.com/mundo/sociologo-portugues-boaventura-santos-e-acusado-de-assedio-sexual

     

    "Difamação vil." Boaventura Sousa Santos nega acusações de assédio e avança com queixa-crime

    O sociólogo garante que está inocente das acusações de que é alvo por três mulheres.

    Osociólogo Boaventura Sousa Santos anunciou, esta quarta-feira, que vai apresentar uma queixa-crime contra as investigadoras que o acusam de assédio sexual e fala numa "difamação anónima, vergonhosa e vil".

    Adepto de cartas abertas, o professor voltou a recorrer a este modelo de mensagem, a que deu o título de "Diário de uma difamação -1", para insistir que está inocente e ir até um pouco mais longe. Afirma que só reuniu com uma das três investigadoras que o acusam - a autora belga - e por duas vezes.

    Sem explicitar a razão do processo disciplinar, Boaventura Sousa Santos escreve que Lieselotte Viaene, a investigadora belga, tinha problemas comportamentais. Tinha um "comportamento incorreto e indisciplinado". De tal forma que o sociólogo não aceitou que a mulher indicasse o Centro de Estudos Sociais como instituição de acolhimento na candidatura a outro projeto académico.

    TSF tentou contactar o professor, que não esteve disponível para atender o telefone, mas nesta carta aberta mostra-se disponível para dar todos os esclarecimentos que lhe sejam pedidos, quer no âmbito de processos internos, que já foram abertos, quer em eventuais processos judiciais e avança com processos-crime por difamação contra todas as investigadoras que o acusam de assédio sexual.

    "Declaro-me disponível para dar todas as informações e prestar todos os esclarecimentos que me sejam pedidos, quer no âmbito do processo judicial, quer no âmbito dos processos internos, que o CES certamente vai pôr em movimento", afirma Boaventura de Sousa Santos na carta enviada a todos os membros daquele centro de investigação de Coimbra.

    Para o diretor emérito, "o CES é uma grande instituição, que granjeou merecidamente prestígio tanto nacional como internacionalmente".

    "Os seus investigadores e as suas investigadoras continuarão a lutar por merecer esse prestígio, corrigindo erros, sendo rigorosos e transparentes para com todos os atos de violação de ética profissional e denunciando aqueles e aquelas que, ao ultrapassarem os limites da verdade e da reclamação justa, nos pretendem distrair da nossa missão maior, a de contribuir para a ciência cidadã", diz, no final de uma carta de sete páginas, escrita a partir do Chile, onde se encontra, de momento.

    Para Boaventura de Sousa Santos, o capítulo, no que respeita à principal autora, "é um ato miserável de vingança institucional e pessoal".

    A informação "caluniosa" que diz respeito ao sociólogo "é anónima e assente em boatos, ou seja, em 'factos' para os quais não é oferecida nenhuma prova ou modo de chegar a ela", critica.

    O capítulo assinado pelas três autoras "é um texto que tem uma mistura entre um quadro teórico sólido, retirado da literatura que foi produzida no seguimento do movimento 'Me Too', à qual se sobrepõe uma informação empírica assente em referências anónimas, boatos e incidentes não identificados e não provados de maneira a poderem ser contestados", vinca.

    Boaventura Sousa Santos reconhece que possa ter desiludido a investigadora belga quanto ao pouco tempo dedicado à orientação do seu estágio, mas salienta que "nada dito justifica esta diatribe contra uma instituição e ainda por cima tão personalizada contra alguém que no máximo foi absentista na sua orientação".

    Na carta, o sociólogo chama ainda a atenção para pedidos de ajuda de estudantes de doutoramento indígenas da universidade espanhola onde agora Lieselotte Viaene dirige um projeto de investigação, partilhando o teor de um e-mail de uma estudante guatemalteca que acusa a investigadora belga de exercer violência sobre a equipa local de investigação.

    "No que respeita às insinuações que me são feitas, quero afirmar que confrontarei qualquer suposta vítima com serenidade e sentido de responsabilidade", frisa Boaventura de Sousa Santos.

    Já a investigadora Catarina Laranjeiro não quis pronunciar-se sobre o assunto.

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    fonte: https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/difamacao-vil-boaventura-sousa-santos-nega-acusacoes-de-assedio-e-avanca-com-queixa-crime-16165656.html


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