Com o fim do primeiro turno, o país se concentra nas cidades que continuam em campanha e voltam às urnas dia 29 de novembro. Guilherme Boulos (SP), Marília Arraes (PE), Manoela D’Ávilla (RS) e Edimilson (PA) são as candidaturas  que mais  mobilizam o campo da esquerda. O Congresso Nacional, por sua vez, continua num ritmo mais devagar, focado ainda no processo eleitoral.


Nos resultados obtidos até agora algumas constatações. Tivemos um aumento das candidaturas de pessoas trans, de candidaturas indígenas, quilombolas, de mulheres negras e esse aumento em alguma medida também se refletiu no número de eleitas.


É pouco, mas comemoramos a eleição de 25 pessoas que se identificaram como transsexuais ou travestis, sendo uma delas a mulher mais votada da cidade de São Paulo, Érika Hilton (PSOL) primeira vereadora trans e negra, recebeu mais de 50 mil votos. Segundo levantamento realizado pela Antra – Associação Nacional de Travestis e Transsexuais foram mapeadas em 25 estados, 294 candidaturas, sendo 30 candidaturas coletivas, 2 para prefeitura e 1 para vice-prefeitura. Ainda são poucas eleitas, mas o aumento em relação à última eleição é expressivo. Em 2016, foram 89 candidaturas e 8 eleitas.


É pouco, mas comemoramos a eleição de um prefeito quilombola, em Cavalcante, Goiás e de um vice-prefeito no Maranhão. Além dele, serão 55 vereadoras e vereadores em todo o país, segundo levantamento da CONAQ - Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas. Cerca de 500 quilombolas disputaram a eleição em todo o país.


É pouco, mas comemoramos a eleição de 10 indígenas para dirigirem prefeituras (em 2016 foram seis), sendo uma mulher. Duas vice-prefeitas indígenas também foram eleitas e 8 vices são homens indígenas. Tivemos um total de 2.216 candidaturas indígenas disputando o pleito. Para as Câmara Municipais foram eleitas 29 vereadoras indígenas, entre 695 candidatas. Dos 1.407 homens indígenas candidatos, 153 se elegeram para as Câmaras Municipais.


É pouco, mas comemoramos que houve  um aumento de 20% do número de mulheres eleitas em relação a 2016. A representação é 6,3% das eleitas. Em matéria publicada no dia 20 de novembro, entrevistamos algumas das eleitas: “A gente tá entrando pela porta da frente” - Mulheres negras eleitas contam os desafios da representatividade nos espaços de poder.


Quanto às mulheres em geral, em relação ao número de eleitas para as Câmaras Municipais, mais uma vez não alcançamos nem as cotas exigidas para as candidaturas, que é de 30% no mínimo por sexo. Nos números, ainda parciais, ficamos em 16% (9 mil eleitas), 2,5 pontos percentuais acima dos resultados alcançados em 2016, 13,5% (7,8 mil).


Em relação às prefeituras, até o momento 12.2% de mulheres irão comandar prefeituras em todo o país. Em 2016, fomos 11,9%. Esse número ainda pode crescer um pouco pois ainda temos 19 mulheres concorrendo em algumas das 57 cidades que terão segundo turno. Seguimos agora na esperança de que o segundo turno eleja candidaturas feministas antirracistas, comprometidas com a democracia e os direitos humanos.


A reação do clã  Bolsonaro ao resultado eleitoral

Enquanto isso o presidente, talvez reagindo a constatada pouca influência que teve nessas eleições – a esmagadora maioria de candidaturas por ele apoiadas foi rejeitada nas urnas -, declarou a possibilidade de terem ocorrido fraudes nas eleições. Um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), apresentou recentemente o PL 5163/2020 que questiona a segurança do sistema eletrônico de votação, afirmando na sua justificativa que “não faltam questionamentos que levantam dúvidas sobre a lisura dos resultados oficiais” e que “quase que diariamente há notícias de hackers que conseguem invadir sistemas de segurança de grandes companhias privadas ou órgãos dos mais diversos governos estrangeiros e nacionais, por que então crer que apenas a urna eletrônica seria impassível de tais violações?”. Pelo jeito seu texto foi “premonitório”, pois no dia da votação hackers tentaram, sem sucesso, invadir o site do TSE – Tribunal Superior Eleitoral.


Mas a vizinhança tem nos trazido algumas alegrias

Enquanto aqui no Brasil lutamos para impedir retrocessos em todos os campos e, em especial no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, comemoramos possíveis avanços na Argentina, onde o próprio presidente anunciou o envio ao Congresso de projeto de lei para a legalização do aborto no país.


E a pandemia continua matando centenas diariamente e infectando outras milhares todos os dias. Já ultrapassamos 170 mil mortes e 6,1 milhões de infectados, mas o país cada vez mais ignora o risco. Com isso, após um período de queda, voltam a subir as infecções e mortes diárias.

 

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