É incrível, mas este mês estamos colocando na rua o número 100 do nosso Jornal Fêmea. São 100 números, 100 meses ou 100 quilômetros? Não importa. O que vale é que o CFEMEA já lançou 100 jornais Fêmea por este Brasil afora, das grandes metrópoles ao mais escondidos rincões, já ultrapassou nossas fronteiras nacionais e chegou a além mar.

Nos emocionamos e nos orgulhamos quando temos a notícia de citação do Fêmea em uma tese de doutorado na Universidade de Harvard (EEUU), e quando temos a notícia de debates que provoca em grupos de mulheres da floresta amazônica.

Recuperando a história do Jornal, lembramos o primeiro número. Ano I Nº. ZERO, março - 1992, papel A4, dobrado ao meio para aproveitar o maior número de espaço possível, impresso nos nossos computadores particulares, xerocado por força de doações de companheiras de Brasília, com uma tiragem de 100 exemplares.

De lá para cá, o Fêmea passou por várias modificações com relação ao seu formato, na busca de seu aperfeiçoamento. Entretanto, o essencial, que foi o ideário de sua criação, continuou o mesmo: difundir o conhecimento dos direitos das mulheres - em gestação, no Congresso Nacional, e os já paridos, na nossa legislação - e colocar em discussão as temáticas da cidadania das mulheres, da igualdade de direitos e oportunidades, da democracia e da justiça social.

Nestes 100 números, não podemos imaginar quantas horas foram dispensadas para sua concretização, mas, sabemos que foram milhares, com muitos serões, muitos mutirões. Mutirões para digitar as matérias que seriam publicadas e até mutirões para dobrar os jornais e colocar os selos para envio pelo correio, visando sua chegada às leitoras e leitores no dia e na hora certa. Uma questão que sempre trouxe um pouco de "dor de cabeça" foi a coleta e a seleção das ilustrações. Temos que agradecer a revistas feministas, como a Fempress, que nos proporcionaram o material ilustrativo.

Atualmente, o Fêmea atingiu a tiragem de 12.500 exemplares, e é distribuído (ainda de forma gratuita) para os movimentos de mulheres, para @s parlamentares federais, as deputadas estaduais e todas as vereadoras brasileiras (7.000), além de chegar às mãos de diversas organizações de Direitos Humanos e da sociedade civil. Apesar da tiragem ultrapassar o que imaginamos poder atingir em 1992, ficamos com uma sensação de impotência quando tomamos conhecimento que alguns pequenos grupos de mulheres têm que xerocá-lo ou, mesmo, copiar à mão artigos do Fêmea, para fazê-los chegar a um maior número de companheiras. Por outro lado, nos causa imensa alegria quando escutamos que o Fêmea é o "Diário Oficial" das mulheres brasileiras ou que ele tem "verdadeiros tentáculos", levando notícias aos mais longínquos rincões deste nosso Brasil.

Tem sido muito gratificante divulgar no Fêmea os avanços na legislação brasileira. Das mais de trinta leis de interesse direto das mulheres, aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pelo Presidente da República nesta última década, destacam-se: o salário maternidade para as trabalhadoras rurais ('94); a suspensão de reservas à Convenção pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher - CEDAW ('94); a licença compulsória por motivo de aborto ('94); a proibição de exigência de atestado de gravidez e esterilização, no trabalho ('95); berçários em instituições penais ('95); a ratificação da Convenção de Belém do Pará ('95); as leis eleitorais que introduziram o sistema de cotas por sexo ('95 e '97); o planejamento familiar ('96); a união estável ('96); proteção ao mercado de trabalho da mulher ('99); cirurgia plástica reparadora de mama ('99); percentual para saúde no Orçamento da União (2000), entre outras.


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