Com a chegada da Lei de Cotas obrigando os partidos a reservarem no mínimo 30% de candidaturas para cada sexo nas eleições, as mulheres foram beneficiadas e cresceram na disputa política. O levantamento realizado pelo FÊMEA, que procurou saber quantas mulheres foram indicadas pel@s prefeit@ de capitais para compor o secretariado, demonstra que no Executivo, as mudanças ainda são lentas.

Fazendo uma comparação com as cotas partidárias, somente Rio Branco/AC - 30,77%, Aracaju/SE -36,36% e Boa Vista/RR –33,33% conseguiram igualar ou ultrapassar a cota de 30% de mulheres para o primeiro escalão das Prefeituras.

As Prefeituras de Fortaleza, São Luis, Teresina e Porto Velho, não responderam à nossa pesquisa. Das 22 que responderam, apenas em cinco Prefeituras as mulheres representam menos de 10% do 1o. escalão: Belo Horizonte/MG – 0%, Cuiabá/MT-5,88%, João Pessoa/PB, Manaus/AM e Vitória com 8,33% cada.

Nas capitais comandadas por Prefeitas, a proporção de mulheres no primeiro escalão é a seguinte: na linha de frente está Boa Vista -33%, Natal -25%, Palmas e São Paulo -22%, Florianópolis – 21% e Maceió -14%. O FÊMEA apurou que algumas prefeitas, pelo fato de serem mulheres, se preocupam em valorizar a questão de gênero na composição do secretariado. Pesou na decisão das indicações de nomes femininos o tripé competência, sensibilidade e honestidade. A maioria das secretárias escolhidas estão vinculadas a áreas sociais como Educação, Cultura, Saúde e Desenvolvimento Social mas também há mulheres dirigindo as finanças municipais em Palmas/TO, Belem/PA e Curitiba/PR, cujas Secretárias de Finanças são: Angela Marques, Esther Bemerguy e Dinorah Botto Portugal. Como Secretárias Municipais de Planejamento tem-se: Vanda Maria Gonçalves (Palmas), Tânia Bacelar (Recife), Jurandir Santos Novaes (Belém) e Lucia Falcon (Aracaju).

As razões que levaram poucas mulheres a serem indicadas para o secretariado ou aceitarem os cargos são várias. Será que as mulheres eleitas têm a consciência de que é importante valorizar as mulheres em cargos públicos de maior visibilidade? Será que as mulheres convidadas têm interesse suficiente para assumir o poder? Na avaliação da professora de Ciência Política da Universidade de Brasília, Lúcia Avelar o percentual reduzido de mulheres no Executivo Municipal não é diferente do que ocorre no Executivo Nacional e no setor privado. Ela afirma que as mulheres que são eleitas ainda não “têm a consciência de valorizar a questão de gênero na sua administração. Esse ativismo feminista ainda é pequeno e limitado a um número reduzido de mulheres que estão em centros maiores”, destaca. Avalia também que na hora de escolher um cargo público a mulher é mais crítica e considera se vale a pena expor sua imagem e passar por desgastes que está sujeita a vida pública. ”Nesse sentido a mulher questiona esse poder”.


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