O Fórum Social Mundial espera reunir 10 mil participantes durantes os dias 25 e 30 de janeiro em Porto Alegre. O encontro congregará cerca de 900 organizações de todo o mundo que se opõem às políticas neoliberais.

As feministas investiram muito esforço para a realização do Fórum Social Mundial, desde a sua preparação, reunindo redes mundiais e latino-americanas e articulações nacionais do movimento de mulheres para garantir que a perspectiva de gênero e étnico-racial fosse tratada de maneira transversal em todos os painéis; que a concepção teórica e a prática política feminista tivessem espaço na discussão de cada um dos eixos temáticos; que houvesse paridade na participação de mulheres e homens nas mesas de debates. Estas propostas foram encaminhadas, discutidas e aceitas pelo Comitê Organizador do Fórum Social Mundial.

As notícias veiculadas sobre o Fórum até o momento informam que é uma reunião global da esquerda. Mas é importante que se diga: vários movimentos, diferentes práticas políticas, diversas concepções teóricas, inúmeros segmentos da sociedade civil estão envolvidos nesta iniciativa. Neste espaço planetário de construção da cidadania é preciso reconhecê-los, para garantir que a participação e os valores democráticos norteiem todos os debates e consensos que possam emergir. Isto significa reconhecer @s diferentes sujeit@s políticos envolvidos e, conseqüentemente os seus vários projetos.

O Fórum Social Mundial se reúne para provar que “Um outro mundo é possível”, que há alternativas ao pensamento único engendrado e aprimorado no Fórum Econômico Mundial, em Davos – Suíça, nestas mesmas datas.

Mais do que a disputa entre “um” projeto de esquerda e “outro” de direita, em Porto Alegre, há que se perceber as relações desiguais de poder existentes, por exemplo, entre mulheres e homens, brancos e negros, norte e sul, nacional e global, produção e distribuição de riquezas, público e privado e muitas outras. Rigorosamente, para começo de conversa, só se pode conceber um projeto democrático se há reconhecimento das diferenças e afirmação da diversidade. Neste sentido, o exercício da democracia, na sua concepção mais radical, é o grande desafio deste primeiro Fórum Social Mundial, para poder fazer emergir um consenso que contemple a todos e todas.


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