Mulheres do mundo exigem da ONU e de seus Estados membros medidas concretas para eliminação da pobreza e violência contra as mulheres, e garantia de igualdade entre homens e mulheres.

A Marcha Mundial das Mulheres encerrou, no dia 17, a campanha contra a pobreza e a violência, iniciada no dia 8 de março. Palestras, oficinas, debates e ações de rua expuseram as principais reivindicações das mulheres de mais de 5.000 grupos e 159 países e territórios envolvidos na Marcha.

A ação centralizada mundialmente, durante o encerramento da Marcha, foi a entrega de um abaixo-assinado ao Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, em Nova York. O abaixo-assinado exige a justa distribuição da riqueza mundial, o fim da violência e a igualdade entre homens e mulheres. As sedes do FMI e Banco Mundial também foram alvos de manifestações.

A Fédération des Femmes du Québec, no Canadá, iniciou a Marcha com o objetivo de dar visibilidade às propostas comuns aos movimentos de mulheres do mundo no combate à pobreza e à violência. No dia 18 de outubro de 1998, mulheres de 65 países se reuniram em Montreal para montar uma plataforma única de reivindicações.

No Brasil, representantes de 15 estados definiram o eixo das reivindicações brasileiras: terra, trabalho e autodeterminação das mulheres. Isso significa exigir, entre outras coisas, a reforma agrária, o direito de decidir sobre o próprio corpo, a luta contra a política econômica do atual governo, principalmente em relação à dívida externa e ao FMI, e as várias formas de violência a que somos submetidas.

"Fiquei impressionada com a grande adesão de pessoas de organizações tão diferentes”, explicou Miriam Nobre, integrante da SOF– SempreViva Organização Feminista, organizadora da Marcha no Brasil. Desde o lançamento, a Campanha contou com atuação constante dos estados do ES, MG, RJ, RN, RS, SE, SP e PE. Os demais estados alternaram momentos de forte expressão com outros mais fracos. O 8 de março, a Marcha das Margaridas e o 17 de outubro – Dia de Combate à Pobreza – foram as manifestações marcantes.

Em alguns lugares, as mulheres se mobilizaram em torno de casos específicos (como, por exemplo, o assassinato da jornalista paulista Sandra Gomide por seu ex-namorado, ocorrido em agosto) para cobrar ações concretas. No Rio de Janeiro foram promovidas aulas em escolas, distribuição de panfletos e aulas públicas para desmistificar a economia.

Contribuir para que as “mulheres reflitam sobre os temas macroeconômicos e as conseqüências no seu cotidiano” foi uma das propostas da Marcha. “É importante mostrar o protagonismo das mulheres. A possibilidade de estar discutindo esses temas proporcionou mudanças concretas na vida das mulheres”, afirmou Miriam Nobre.

Em Brasília, a Marcha Mundial das Mulheres contra a Pobreza e a Violência Sexista foi encerrada, no dia 16, com manifestação das mulheres em frente ao hotel Naoum, por ocasião da abertura do Fórum do Banco Mundial sobre o Desenvolvimento – O ATAQUE À POBREZA. Além das entidades organizadoras da Marcha, estavam presentes parlamentares, lideranças feministas e representantes de organizações que apoiam a luta das mulheres. Além das faixas, foram distribuídos folders sobre a Marcha e adesivos com o slogan da Iniciativa Gênero: O Ajuste Desajusta a Vida. Na Cerimônia de Abertura do evento, a mesa era composta por representantes do Banco Mundial: David de Ferranti (Vice Presidente), Nicholas Stern (Vice Presidente Sênior e Economista Chefe) e Gobind T. Nankani (Diretor do BM no Brasil), pelo Ministro da Fazenda - Pedro Malan, pela Presidente do Conselho do Programa Comunidade Solidária – Ruth Cardoso e pela Senadora Marina Silva, que citou a carta das mulheres. Também foi entre cópia da carta para o Ministro Malan e para a Dra. Ruth.


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