Cerca de 300 pessoas entre parlamentares, representantes de ONGs, feministas, pesquisadoras, candidatas à prefeita, vereadoras e profissionais liberais participaram nos dias 16, 17 e 18 de maio do seminário “Mulheres na Política-Mulheres no Poder” organizado pelo CFEMEA, bancada feminina do Congresso Nacional e CNDM (Conselho Nacional dos Direitos da Mulher). O objetivo foi avaliar as primeiras experiências da política de cotas e estratégias para o empoderamento das mulheres na política. Na ocasião foi lançado o livro “ A política por sexo- um estudo das primeiras experiências no Legislativo Brasileiro” da socióloga e assessora técnica do CFEMEA , Sonia Malheiros.

O Encontro foi aberto pelo segundo vice- presidente da Câmara, o deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE). Ele destacou que a mulher está dando um grande passo na política mas lamentou que até hoje uma parlamentar não tenha assumido a mesa diretora da Câmara. A deputada federal Iara Bernardi( PT-SP) que representou suprapartidariamente a bancada feminina no Seminário, destacou que a política de cotas foi um marco para as mulheres já que o tema saiu da discussão feminista e chegou nas esferas do poder. “Com a política de cotas o Brasil avançou 20 anos em 1. Em 1996 registramos o crscimento das mulheres nas eleições municipais. Elas deixaram de ser cabos eleitorais e viveram sua própria experiência política”. A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) lembrou que além de conquistar o poder a mulher tem também que gostar do poder.

“Não basta ter cotas para mulheres.É preciso que as direções dos partidos tenham, na verdade, interesse em escolher mulheres para se candidatar”, advertiu o líder do PC do B na Câmara,o deputado mineiro Sérgio Miranda. Os números comprovam que a representação política das mulheres ainda é pequena. No Brasil elas ocupam 5,6% das prefeituras do país, 11,2% das Câmaras nos Estados, 6% do Congresso Nacional e 10% das Assembléias Legislativas. Nesse sentido, segundo Almira Rodrigues, socióloga e assessora técnica do CFEMEA, a política de cotas é importante para mudar esse quadro porque “supera desigualdades e exclusões históricas”.

A vereadora Eni Fernandes, do PT, de São José do Rio Preto, lembrou que foi a única mulher negra eleita durante 106 anos de Parlamento na sua cidade. Ela detalhou como a mulher sofre discriminação citando simples exemplos, desde o diploma e a carteira de vereador que recebeu onde não constavam a palavra no feminino (vereadora). Durante as sessões, na Câmara, destacou, são poucos os políticos que reverenciam a mulher. “Precisamos exigir que sejamos tratadas como mulheres”, adverte destacando que a mulher brasileira hoje está na política, mas ainda não no poder.

A juíza do TSJ ( Tribunal Superior de Justiça), Eliana Calmon advertiu as mulheres que ninguém cede espaço de poder. “O poder só é conseguido com muita luta que requer para nós mulheres, anos de competência, trabalho e ética”.E para a prefeita de Natal, Wilma Farias, do PSB é importante destacar que “quando uma mulher erra todas erram e quando ela acerta todas acertam”.


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