Democracia, Direitos Humanos, Guerras e Narcotráfico

Entre os dias 16 e 20 de junho, mais de quatro mil pessoas reuniram-se em Cartagena de Índias, na Colômbia. Lideranças nacionais e internacionais participaram do Fórum Social Mundial Temático: Democracia, Direitos Humanos, Guerras e Narcotráfico.

O Fórum Temático teve o objetivo geral de propiciar o encontro de diversos setores da sociedade civil para analisar, debater, buscar alternativas e coordenar esforços e ações sobre o narcotráfico e suas relações com a democracia, os direitos humanos e a violência.

Com um chamado à globalização da resistência civil para colocar limite à "hegemonia do facismo social", o catedrático português Boaventura de Sousa Santos fez a abertura do Fórum. Sua conferência apontou os limites das democracias tal como estão se desenvolvendo dentro do modelo neoliberal, produzindo o paradoxo da existência de democracias políticas representativas, que excluem a possibilidade de participação cidadã, além de impedir o acesso de amplos setores da população aos benefícios econômicos, condenando-os a uma visão de futuro sem aspirações de mudança.

A feminista Virgínia Vargas, uma das diretoras da organização peruana Flora Tristán, avalia a realização do Fórum: "Foi um excelente esforço. O fato de que tenha sido um Fórum temático na Colômbia teve um grande significado já que este país confronta-se com uma profunda guerra interna. Os movimentos sociais estão resistindo ativamente e avançando em propostas democráticas, em torno da paz. Nesse sentido, o conflito colombiano, pela sua crueldade e por suas resistências, aparece paradigmático".

Durante o Fórum, foram realizados diferentes Encontros Temáticos: Encontro Internacional de Ambientalistas; Encontro Internacional de Educação; Encontro Internacional da Juventude; Encontro Internacional da Cultura e das Artes; Encontro Internacional Sindical; e o Encontro Internacional de Mulheres.

Nesse último Encontro, discutiu-se questões como:

  • o que é comum nas experiências de resistência das mulheres populares contra a guerra?
  • como gerar e fortalecer as alianças das mulheres populares contra a guerra, o neoliberalismo e por alternativas na construção de outro mundo possível?

Durante esse Encontro, também houve um amplo painel com diferentes experiências locais de resistência à guerra, de elevado conteúdo político. À tarde, foi realizada uma oficina internacional com mulheres de El Salvador, Honduras e Israel. No final do Encontro, foi feita uma grande marcha de mulheres até o local central do Fórum.

Para Virgínia Vargas, as atividades foram excelentes: "Este foi o espaço mais significativo do ponto de vista de gênero, já que em muitos painéis programados pelo Comitê Organizador havia poucas mulheres".

Para outras informações sobre o Fórum Social Temático, acesse: www.fsmt.org.co.

Campanha contra os Fundamentalismos

O vídeo da Campanha contra os Fundamentalismos, de responsabilidade da Articulação Feminista Marcosur (AFM), foi veiculado repetidas vezes, enquanto as pessoas estavam chegando ao Encontro de Mulheres. O material também foi transmitido no dia da apresentação de Boaventura, em uma sala com 3.500 pessoas. Virgínia Vargas falou sobre a Campanha na Oficina organizada pela REPEM (Rede de Educação Popular entre Mulheres), sobre Educação para a Paz.

Também houve entrevistas gravadas com feministas. Além disso, o material de divulgação da Campanha foi entregue à coordenação do Fórum para que fosse difundido.

Entretanto, houve questionamentos quanto à forma pouco visível em que a Articulação Feminista Marcosur (AFM) estava posicionada no Fórum. Para Virgínia Vargas, "não houve um posicionamento explícito da AFM no Encontro de Mulheres. Em todo o Fórum, houve uma presença relativa, mais delimitada que expandida". Mas ela avalia que a participação das feministas representantes da AFM foi muito importante. "Houve muito reconhecimento por parte da REPEM e demais grupos feministas. Ficou evidente, para as colombianas que ali estiveram, que essa presença feminista era em nome da AFM", explica Virgínia Vargas.

FSM 2004 na Índia

A quarta edição do Fórum Social Mundial será realizada em Mumbai, Índia, entre os dias 16 e 21 de janeiro de 2004. A expectativa do Comitê Organizador é receber cerca de 75 mil participantes, d@s quais 10 mil seriam estrangeir@s.

Em relação ao formato, a proposta de metodologia prevê as seguintes atividades: conferências, reuniões públicas, painel de debates, diálogos, mesas de discussão, seminários, oficinas, testemunhos e eventos culturais. Os temas amplos propostos para o FSM 2004 são:

  1. Militarismo, guerra e paz
  2. Mídia, informação e conhecimento
  3. Democracia, ecologia e segurança econômica
  4. Exclusões, dignidade e direitos

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