Garantir os direitos reprodutivos das soropositivas é outra grande luta que encontra pouco eco nas discussões sobre a vida das mulheres que convivem com o HIV/aids. Nas capacitações do projeto Cidadã PositHIVa, realizado pelo movimento de mulheres soropositivas, foram identificados vários casos de laqueadura em mulheres que foram diagnosticadas positivas. Algumas dessas mulheres foram esterilizadas sem a informação de que poderiam ter filh@s.

Técnicas de inseminação artificial e lavagem de esperma já são utilizadas com sucesso em algumas cidades brasileiras. Mas apesar do índice de HIV ser quase zerado com as técnicas, é o preconceito o maior empecilho para o acesso a essas tecnologias; o não reconhecimento da reprodução como um direito também das mulheres soropositivas. "Hoje, as mulheres têm de recorrer à não utilização da camisinha para engravidar e arcar com todas as conseqüências de uma decisão como essa", explica Ana Paula Prado.

Quando se trata de mulheres e aids é comum ver a preocupação com a transmissão vertical, de mãe para filho. No entanto, mais raro é ver a avaliação das vulnerabilidades das mulheres ao HIV/aids e os tratamentos disponíveis. "Brigamos muito, porque queremos ser ouvidas como mulheres, nas nossas especificidades, mas não querem nos ouvir", avalia Beatriz Pacheco, 53 anos, orgulhosa da idade e da luta pela vida.


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