Muitos criticam o Bolsa Família como um programa que “estimula a dependência”. Os fatos, contudo, desmentem os preconceitos.
Os números recentes do mercado de trabalho formal no Brasil trazem um sopro de esperança e confirmam uma verdade que sempre defendi: quando damos oportunidades às mulheres, especialmente àquelas em situação de vulnerabilidade, o país avança.
Segundo os dados do Caged, entre janeiro e abril de 2025, 56,6% das vagas formais ocupadas por beneficiários do Cadastro Único foram preenchidas por mulheres. Esse dado não é apenas estatístico, é a materialização de um projeto de nação que prioriza justiça social, equidade e o poder transformador da autonomia feminina.
O Programa Acredita no Primeiro Passo, uma das iniciativas mais robustas do nosso governo, tem sido fundamental nesse processo.
Ao destinar R$ 3,4 bilhões para o crédito e a qualificação profissional, estamos abrindo portas para que mulheres como Graziela Araújo, de Parnaíba (PI), transformem sonhos em realidade. Mãe, pedagoga e ex-beneficiária do Bolsa Família, ela criou a escola de reforço Caminho das Letras para atender crianças de sua comunidade.
Mulheres participantes do Laboratório Organizacional Feminista de Salvador, realizado pelo Coletivo de Mulheres do Calafate e Cfemea (março-junho/2025)
Sua história não é isolada: é símbolo de como políticas públicas integradas – renda, crédito e capacitação – podem romper ciclos de pobreza e gerar desenvolvimento local.
Muitos criticam o Bolsa Família como um programa que “estimula a dependência”. Os fatos, contudo, desmentem os preconceitos.
A Regra de Proteção, que mantém parte do benefício mesmo após a inserção no emprego formal, foi essencial para que mulheres como Vânia Messias, da Maré (RJ), pudessem se qualificar, ingressar no mercado de trabalho e hoje atuar como orientadora social no CRAS.
Ela resume: “A tempestade passou”. Sim, políticas sociais não são esmola; são pontes. E quando essas pontes levam a crédito, qualificação e emprego, tornam-se caminhos irreversíveis de emancipação.
Estudo da FGV Social revela que a renda das famílias mais pobres cresceu 10,7% em 2024, ritmo 50% superior ao dos 10% mais ricos.
Esse avanço tem rosto: são mães solo, negras, periféricas, que hoje acessam o mercado formal ou empreendem graças a iniciativas como o Programa Acredita.
Quando uma mulher negra da periferia consegue abrir um negócio ou garantir um emprego com carteira assinada, ela não muda apenas sua vida. Ela quebra estereótipos, fortalece a economia local e inspira outras mulheres a acreditarem no seu potencial.
Ainda há um caminho a trilhar: precisamos ampliar o acesso ao crédito para as microempreendedoras, fortalecer redes de apoio à maternidade (como creches públicas) e combater a violência de gênero, que ainda limita a participação feminina no mercado de trabalho.
Mulheres da Cooperativa Univens - Porto Alegre/RS
A notícia boa é que os resultados mostram que estamos no caminho certo, pois o governo Lula tem um compromisso inegociável: fazer da proteção social um vetor de autonomia.
O Brasil que queremos não se constrói sem as mulheres. Seja no comércio, na educação, na indústria ou no serviço público, elas estão provando que, com políticas públicas eficazes, é possível transformar vulnerabilidade em liderança.
O Programa Acredita no Primeiro Passo é mais que um nome – é um verbo que conjugamos no presente, porque acreditar nelas é acreditar no futuro do país.
* Texto: Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome