Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - 2012

Também conhecida como Rio+20, a Conferência, realizada em 2012 no Riocentro, no Rio de Janeiro, colocou em pauta o compromisso político com o desenvolvimento sustentável por parte de governos, empresas e pessoas. Destacou o modo como estão sendo usados os recursos naturais do planeta e propôs novas estratégias e abordagens, além de destacar questões sociais de relevância, como o papel da mulher para o real desenvolvimento sustentável.

Já no Aterro do Flamengo aconteceu o evento paralelo denominado Cúpula dos Povos, que promoveu o debate entre organizações da sociedade civil. Neste espaço foi montado o Território Global das Mulheres (uma produção da Articulação de Mulheres Brasileiras, Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, e Articulação Feminista Marcosul), onde se aprovou uma declaração que foi apresentada na Conferência, de modo a incidir nas deliberações.

Uma ampla pluralidade de militantes dos movimentos de mulheres e feminista da América Latina, do Caribe e de diversas regiões do mundo participou das atividades do Território Global das Mulheres. Neste espaço, uma grande tenda, debateram-se questões polêmicas da pauta oficial e seus efeitos sobre a vida das pessoas, em especial as mulheres, em sua diversidade. Por exemplo, a proposta da “economia verde”, a adoção das Metas de Desenvolvimento Sustentável (SDGs), a perspectiva de ampliação da “privatização” de direitos como o direito de acesso a água potável, o foco necessário no combate à pobreza e às desigualdades em particular as desigualdades de gênero, e a ameaça de retirada - que acabou se concretizando - das menções aos direitos humanos e aos direitos sexuais e reprodutivos no texto oficial da Conferência. Este foi um grande retrocesso.

Os diálogos na Tenda apontaram que, especialmente na América Latina, a última década foi de extrema importância para o avanço democrático da região e para reverter tendências ao aprofundamento das desigualdades. Porém, os avanços na distribuição de renda observados na maior parte dos países da América do Sul se fazem com aprofundamento do tradicional modelo primário exportador nas mãos do agronegócio e das mineradoras, com sérias consequências sociais e de destruição e contaminação da natureza.

As mulheres destacaram que, em outras regiões e países, o modelo de desenvolvimento tem também priorizado o aproveitamento da mão de obra barata, em especial das mulheres, e das riquezas naturais - aprofundando as desigualdades e a depredação da natureza. Mulheres camponesas, pescadoras, quilombolas e ribeirinhas reafirmaram que o modelo de desenvolvimento precisa de mudanças urgentes que superem as injustiças sociais e ambientais, presentes no mundo inteiro.