O longa estrelado por Fernanda Torres e ambientado durante ditadura militar (1964-1985) era o favorito para levar o prêmio na cerimônia realizada na cidade de Granada, no sul da Espanha.

O longa metragem "Ainda estou aqui" dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello levou o prêmio Goya de Melhor Filme íbero-americano, na noite deste sábado (8/12). Realizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha, o Goya é a principal cerimônia de celebração do cinema espanhol.
O longa estrelado por Fernanda Torres e ambientado durante ditadura militar (1964-1985) era o claro favorito para levar o prêmio na cerimônia realizada na cidade de Granada, no sul da Espanha.
Na categoria de Melhor Filme Latino-Americano, a obra brasileira concorria com os longas:
- “Agarra-me Forte”, do Uruguai;
- “O Jóquei”, da Argentina;
- “No Lugar da Outra”, do Chile;
- “Memórias de Um Corpo que Arde”, coprodução entre Costa Rica e Espanha.
O filme brasileiro, que concorre a três estatuetas do Oscar, já ganhou outros prêmios e indicações ao longo de 2024. No festival de veneza, tido como um dos mais importantes do mundo do cinema, Festival de Veneza 2024, o longa levou "Melhor Roteiro", o Green Drop Award (dado ao filme que "melhor representa os valores da ecologia e do desenvolvimento sustentável, com foco na conservação do planeta e de seus ecossistemas para as gerações futuras, promovendo estilos de vida sustentáveis e a cooperação entre os povos”); SIGNIS Award (prêmio que reconhe os projeto que exploram a dignidade humana, a justiça e a paz).
"Ainda estou aqui" também foi premiado no Critics Choice Association, outra premiação dentre as mais importantes do cinema, com Fernanda Torres levando o Celebration of Latino Cinema & Television como Melhor Atriz Estrangeira. No Vancouver International Film Festival com o prêmio do público Gala & Special Presentations Audience Award. Levou o Audience Favorite World Cinema, também decidido pelo público, no Mill Valley Film Festival. Em outra votação popular, o filme levou o Audience Award no Miami Film Festival e em um dos principais eventos de cinema do Brasil, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o longa foi eleito como melhor filme nacional de ficção.
Sinopse
O longa brasilero conta a história da família Paiva durante o período da ditadura brasileira, onde Eunice Paiva (Fernanda Torres), advogada e ativista, passou 40 anos buscando a verdadeira história sobre o desaparecimeto de seu marido, Rubens Paiva (Selton Mello). Rubens Paiva, ex-deputado federal, foi torturado e assassinado durante a ditadura, seu corpo nunca foi encontrado.
*Com informações da AFP
Walter Salles dedica vitória do prêmio Goya a Eunice Paiva; Leia discurso
Walter Salles não esteve presente na cerimônia, mas contou com um representante de peso para receber a estatueta: Jorge Drexler

O filme Ainda Estou Aqui venceu o prêmio Goya de Melhor Filme Ibero-americano na noite deste sábado, 8, em uma vitória histórica para o Brasil, indicado pela primeira vez ao "Oscar" do cinema espanhol.
Walter Salles não esteve presente na cerimônia, mas contou com um representante de peso para receber a estatueta: Jorge Drexler, cantor uruguaio que trabalhou com o diretor em Diários de Motocicleta (2005), pelo qual venceu o Oscar de melhor canção original, com Al Otro Lado Del Rio
Ele leu uma mensagem escrita por Salles, na qual dedica a vitória ao cinema brasileiro, a Eunice Paiva e sua família, a Fernanda Montenegro e a Fernanda Torres. Veja na íntegra:
"Estou profundamente agradecido à Academia e a todos os acadêmicos por esta grande honra. Este prêmio é muito especial para nós, e não apenas por ser a primeira vez que um filme brasileiro é indicado. É uma grande honra pelo respeito e admiração que tenho pela cultura ibero-americana como um todo, assim como pela cinematografia espanhola, desde Buñuel, e por muitos cineastas que influenciaram minha formação.
O fato de Jorge nos representar neste momento reforça ainda mais minha emoção. Continuamos na mesma margem do rio.
Ainda Estou Aqui é um filme sobre a memória de uma família durante a longa noite da ditadura militar no Brasil, que se entrelaça com a memória do meu país. Gostaria de dedicar este prêmio ao cinema brasileiro como um todo, a Eunice Paiva, Marcelo Rubens Paiva e toda a sua família, a Fernanda Montenegro e Fernanda Torres.
E, como estamos falando de memória, gostaria de agradecer aos grandes cineastas que nos deram o presente de nos apaixonarmos pela extraordinária atriz que foi Marisa Paredes. Entre eles, os mestres Pedro Almodóvar, Fernando Trueba e Arturo Ripstein.
Obrigado a todos e muito obrigado, Granada!"