Etapa Araucária: Conferência das Mulheres Indígenas reúne contribuições de etnias da região Sul

Todas as etapas regionais contam com uma programação que inclui momento espiritual, debate sobre as propostas de cada eixo, formação de grupos de trabalhos, apresentação de propostas e escolha de representantes para a etapa nacional
 
Ministério das Mulheres
Publicado em 09/05/2025 18h44
 
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Foto: ANMIGA
 

Reunir propostas para construir políticas públicas que façam sentido para a população indígena, especialmente para as mulheres, é o mote das etapas que precedem a 1ª Conferência Nacional de Mulheres Indígenas, que será realizada em agosto. A etapa Araucária reuniu lideranças indígenas dos três estados da região Sul: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em Florianópolis/SC, entre os dias 7 e 8 de maio. 

O encontro foi promovido pelos ministérios das Mulheres, dos Povos Indígenas e pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA). Durante estes dois dias, elas debateram e apresentaram contribuições tomando como base cinco eixos temáticos: Direito e Gestão Territorial; Emergências Climáticas; Políticas Públicas e Violência; Saúde; Educação e Transmissão de Saberes Ancestrais.

A diretora de Proteção de Direitos da Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres do Ministério das Mulheres (Senev/MMulheres), Pagu Rodrigues, pontuou que é essencial compreender as especificidades para garantir políticas públicas específicas para as mulheres indígenas. “Temos 305 povos e mais de 274 línguas e precisamos garantir os direitos de cada uma delas, desde o enfrentamento à violência ao acesso real aos serviços públicos. Os saberes ancestrais precisam ser valorizados e resguardados e são esses espaços de escuta, nas etapas regionais da conferência, que vão nos conduzir à construção de políticas que respeitem os modos de vida da população indígena e seus territórios”, disse Pagu.

A secretária Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena, do Ministério dos Povos Indígenas, Ceiça Pitaguary, enalteceu o trabalho dos coletivos, associações e grupos de mulheres indígenas, que estão demonstrando uma nova forma de gerir os territórios. “Essa conferência mostra o que está sendo consolidado dentro do território indígena. Então, é fundamental construirmos políticas públicas que fortaleçam as práticas ancestrais das mulheres indígenas na gestão de seus territórios, reconhecendo e valorizando as contribuições de nossos conhecimentos, nossas tradições e práticas para a proteção, conservação, recuperação e uso sustentável dos recursos naturais imprescindíveis para o bem viver e para a reprodução física e cultural dos nossos povos e territórios”, destacou.

A diretora-executiva da ANMIGA, Jozileia Kaingang, enfatizou a importância da proteção dos territórios para a preservação dos saberes ancestrais. “Estamos lutando por uma educação diferenciada, por saúde de qualidade, por terra que muitas vezes são tomadas e retomadas. Muitas mulheres aqui são lideranças indígenas, cacicas, cuiás, mulheres dos remédios, mulheres das ervas, que sabem o manejo das ervas no chão do nosso território. Todas elas estão no chão da aldeia fazendo a luta pelos direitos das mulheres”, contou. 

Para Miriam Gaten Vergueiro, do povo Kaiangang, a conferência representa a continuidade e valorização dos saberes indígenas, além de salientar o protagonismo dessas mulheres na defesa da biodiversidade e da vida. “A importância de uma conferência dessa é fortalecer as mulheres indígenas e dar visibilidade a essas lideranças em seus territórios e em outros espaços que não são vistas”. 

A vereadora por Nonoai/RS, Antonia Patte, da etnia Kaiangang, destacou a importância da participação de todas as mulheres indígenas nas conferências pelo país. “Estamos trabalhando em eixos importantíssimos. A violência de gênero, por exemplo, tem aumentado muito dentro das comunidades indígenas. Eu, enquanto vereadora,  venho enfrentando isso dentro da comunidade também. Então, esse debate é importante, pois vamos levar nossas contribuições para a conferência nacional, para a marcha nacional”, convocou.

 
 
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Foto: ANMIGA
 

Etapas regionais

Todas as etapas regionais contam com pelo menos dois dias de programação que incluem: momento espiritual, debate sobre as propostas de cada eixo, formação de grupos de trabalhos, apresentação de propostas e escolha de representantes para a etapa nacional. Confira o nome e a localidade de cada etapa regional:

  • Sumaúma - Acre, Roraima, Amazonas e Mato Grosso;

  • Castanheira - Rondônia, Pará, Amapá e Tocantins;

  • Sapopema - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo;

  • Araucária - Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina;

  • Jurema - Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia-Norte; e

  • Mangabeira - Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão e Bahia-Sul.

A etapa nacional, denominada Copaíba, será em Brasília, no mês de agosto, e tem a expectativa de reunir 5 mil mulheres indígenas dos seis biomas brasileiros, em quatro dias de atividades. Estão programadas, além da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, a IV Marcha das Mulheres Indígenas: "Nosso corpo, nosso território: Somos as guardiãs do planeta"; e Ato Político Cultural.

 

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