Faleceu nesta sexta-feira (6) a militante feminista Nalu Faria, uma das mais importantes figuras da militância nacional, coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres e integrantes da Sempreviva Organização Feminista (SOF).

O Cfemea lamenta profundamente a partida da companheira Nalu Farias, feminista, ativista que esteve à frente da Marcha Mundial de Mulheres em defesa de Políticas Públicas como uma aguerrida e inspiradora liderança. Nós do Movimento de Mulheres Brasileiras estamos em luto. Nesta oportunidade deixamos nosso sincero agradecimento pela luta incansável, pelo legado deixado por Nalu intenso e extenso que fica para a luta. Sua busca por equidade de gênero e pelo fim da violência contra as mulheres neste país segue como inspiração.
Abraços nossos companheiras, familiares e pessoas que sintam essa partida conosco.

Nara Lacerda
Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
 
Nalu Faria faleceu aos 64 anos
Nalu Faria faleceu aos 64 anos - Norma Odara

Faleceu nesta sexta-feira (6) a militante feminista Nalu Faria, uma das mais importantes figuras da militância nacional, coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres e integrantes da Sempreviva Organização Feminista (SOF). Na luta popular desde a década de 1980, ela influenciou a formação de centenas de companheiras e teve papel essencial na articulação pelos direitos das mulheres no Brasil.

Psicóloga de formação, Nalu Faria entrou para a militância estudantil no fim da década de 1970, quando estava na graduação, em Uberaba (MG). O primeiro contato com o movimento aconteceu por meio da pauta do passe livre para estudantes. 

:: Governo Lula trará avanços para mulheres, 'mas existem limites', diz Nalu Faria, da MMM ::

Em entrevista para a Revista Estudos Feministas, concedida em 2012 - uma das raras ocasiões em que falou da própria trajetória - ela contou que, em 1980, participou da primeira celebração do 8 de março na região. A partir daí, o feminismo passou a fazer parte da vida da militante. 

Nalu Faria se mudou para São Paulo em 1983. Participou do grupo Democracia Socialista (DS), tendência interna do Partido dos Trabalhadores (PT) em atuação até os dias de hoje. Na conversa de 2012 com as pesquisadoras Carmen Susana Tornquist e Soraya Resende Fleischer, ela falou sobre o período.

"Passei a participar de um debate mais estruturado sobre o feminismo. Desenvolvi minha militância no PT, no trabalho de mulheres nos sindicatos e na Central Única dos Trabalhadores (CUT), e, a partir de 1986, passei a atuar na Sempreviva Organização Feminista (SOF) e, portanto, com muita presença no movimento popular."

Essa atuação esteve muito focada na formação e no questionamento crítico, inclusive dentro do próprio movimento, "ao longo dos anos 1990 na SOF, questionamos muito sobre qual deveria ser uma estratégia de construção do movimento de mulheres para incorporar os vários setores e também para ter uma agenda mais global que desse conta de pensar na totalidade da problemática das mulheres", disse ela à revista.

Em artigo publicado no Brasil de Fato em março passado, Nalu Faria ressaltou a grandeza das celebrações mundiais do Dia Internacional das Mulheres em 8 de março e a invisibilidade do trabalho cotidiano e revolucionário das mulheres.

"Essa grandeza nos conduz a olhar de forma muito aguda para a realidade vivida por nós, mulheres. De um lado, salta aos olhos como nós, mulheres, sustentamos a vida com o trabalho interminável, marcado por múltiplos afazeres simultâneos, precariedade, racismo, controles e imposições sem fim. Assim, as mulheres garantem o cuidado da vida na casa e na sociedade em geral, e atuam também na resistência aos ataques contra os territórios e às tentativas de destruição dos modos de vida. Todo esse trabalho tem uma dimensão invisível: as mulheres estão garantindo conexões entre as pessoas, os tempos, as gerações, os conhecimentos, os afetos."

Assista à entrevista que Nalu Faria deu ao Brasil de Fato em 2017:

Nalu Faria estava em tratamento por insuficiência cardíaca e havia sido internada há dois meses na cidade de São Paulo. Relatos de amigas, companheiras de luta e da família contam que ela mantinha o ânimo a garra e a determinação de sempre. Ela faleceu aos 64 anos.

Edição: Thalita Pires - https://www.brasildefato.com.br/2023/10/06/morre-nalu-faria-simbolo-da-luta-feminista-no-brasil

Nalu presente: velório de uma das principais feministas do Brasil foi marcado por emoção e homenagens

Nalu Faria teve papel essencial na articulação por direitos das mulheres e na formação da militância no país e no mundo

Nara Lacerda
Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
 
Nalu Faria faleceu aos 64 anos
Nalu Faria faleceu aos 64 anos - Foto: Reproducción

Uma das mais importantes figuras da militância nacional, a coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Nalu Faria, foi velada neste domingo (8), na cidade de São Paulo. A cerimônia reuniu amigas, amigos, familiares, companheiras e companheiros de luta.

Em atuação no movimento feminista desde a década de 1980, ela se tornou símbolo de luta e resistência e influenciou diretamente a articulação pelos direitos das mulheres no Brasil. "A Nalu é a expressão viva do exemplo dialógico, ela construía a luta, nos ajudando a lutar. Nalu era nossa melhor dirigente e sabia nos provocar a ser ousadas, a nos arriscar", contou Bernadete Esperança da MMM, durante o velório.

A trajetória da militante começou no movimento estudantil. Ela compôs também coletivos e organizações populares, esteve no Partido dos Trabalhadores (PT) e atuou na Central Única dos Trabalhadores (CUT). Desde 1986 integrava a Sempreviva Organização Feminista (SOF).

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"Ela se dedicou a construir o feminismo em muitos lugares - na Marcha Mundial das Mulheres, na CUT, no PT - e a levar o feminismo para cada canto deste país.", afirmou Sônia Coelho, também companheira de militância na MMM.

Isolda Dantas, deputada estadual do PT do Rio Grande do Norte, pontuou que a memória de Nalu Faria deve fortalecer a continuidade da luta feminista no Brasil. "Ela nos ensinou que é fundamental o movimento de mulheres se aliar a movimentos populares. Nós temos muito de Nalu e temos a tarefa de continuar com a Marcha Mundial de Mulheres e sua luta."

Nalu Faria faleceu na sexta-feira (6), por insuficiência cardíaca. Ela estava internada desde agosto para tratar a condição. Ainda na sexta, a Secretaria Geral da Presidência divulgou nota de pesar. Recebemos, com profunda tristeza, a notícia do falecimento de Nalu Faria (...) Ela formou gerações no feminismo popular e tornou-se uma liderança reconhecida internacionalmente, tendo atuado na construção de grandes eventos como o Fórum Social Mundial e a Marcha das Margaridas", diz o texto.

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Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile ressaltou a atuação de Nalu Faria nas causas populares, "Nalu esteve na construção do feminismo popular e contribuiu para a consolidação do feminismo no MST". Ele também lembrou o engajamento dela nas lutas internacionalistas e na consolidação da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) e da Assembleia Internacional dos Povos (AIP).

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma coroa de flores ao velório em nome do país vizinho. O cônsul Geral de Cuba, Pedro Monzón Barata, também participou da cerimônia. "Estamos muito comovidos pelo falecimento de Nalu Faria, uma das principais militantes da luta das mulheres na América Latina e no mundo e que sempre teve muita solidariedade com Cuba. Neste momento, ela estava envolvida na campanha de assinaturas em favor de Cuba. Nalu se transformou em semente", disse ele.

Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, destacou a presença da militante na formação de trabalhadoras, "Muitas vezes a Nalu foi para a periferia deste país para contribuir na formação das mulheres trabalhadoras. Ela foi uma das principais dirigentes de movimentos populares do Brasil."

O velório aconteceu no Espaço Cultural Elza Soares, em frente ao Armazém do Campo, no centro da capital paulista. A região vem se consolidando como um importante ponto de articulação da defesa da democracia e, neste domingo, parou para homenagear Nalu Faria.
 

Edição: José Eduardo Bernardes

fonte: https://www.brasildefato.com.br/2023/10/08/nalu-presente-velorio-de-uma-das-principais-feministas-do-brasil-foi-marcado-por-emocao-e-homenagens

 


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