Dados são da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização das mulheres no Brasil” e mostram que é o maior número registrado desde 2017
10/03/2025 09:19, atualizado
Google News - Metrópoles
Um dado alarmante foi divulgado na manhã desta segunda-feira (10/3) na pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização das mulheres no Brasil“. realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto Datafolha: 37,5% das mulheres no Brasil vivenciaram alguma situação de violência nos últimos 12 meses.
Em números absolutos, isso representa 21,4 milhões de brasileiras com 16 anos ou mais que enfrentaram o ciclo de violência no período. Trata-se da maior prevalência registrada pelo fórum desde 2017.
Segundo a pesquisa, as vítimas relataram, em média, mais de três tipos diferentes de violência no último ano. As ofensas verbais — como insultos, humilhações e xingamentos — foram as mais comuns, atingindo 31,4% das mulheres, um aumento de oito pontos percentuais em relação ao levantamento de 2023.
Outro dado preocupante é que nove em cada dez mulheres que sofreram violência no último ano afirmaram que alguém presenciou o crime. Em 27% dos casos, os próprios filhos do casal testemunharam a agressão. Além disso, 47,3% das ocorrências foram presenciadas por amigos ou conhecidos.
Embora a maior incidência de violência tenha sido registrada entre mulheres de 25 a 34 anos, os números revelam uma alta prevalência em todas as faixas etárias, especialmente dos 16 aos 59 anos. Isso indica que a violência ocorre de diferentes formas ao longo da vida.
“O recorte de grau de instrução indica que os tipos de violência mudam em contextos educacionais distintos. Quando analisamos os dados de insultos, humilhações e xingamentos, 32,9% das mulheres com ensino superior relatam ter vivenciado esse tipo de agressão, mas sua experiência com formas mais graves, como ‘ameaça com faca ou arma de fogo’ ou ‘esfaqueamento ou tiro’, é quase nula”, explica o fórum.
Parceiros e ex
Dado da pesquisa diz respeito ao vínculo familiar das agressões. De acordo com o instituto, em quase 70% dos casos, o autor da violência é o companheiro ou ex-companheiro da vítima.
Os cônjuges, companheiros, namorados ou maridos foram responsáveis por 40% das agressões, enquanto ex-cônjuges, ex-companheiros ou ex-namorados responderam por 26,8%.
Além disso, a violência também ocorre dentro de outros laços familiares. Pais e mães foram responsáveis por 5,2% das agressões, padrastos e madrastas por 4,1%, e filhos ou filhas por 3%.
Os episódios de violência aconteceram em diversos locais, mas, na maioria dos casos (57%), a residência da vítima foi o principal cenário. A rua aparece como o segundo local mais recorrente, com 11,6% dos relatos.
A pesquisa também apresenta um recorte racial sobre as vítimas. Entre as mulheres negras, 37,2% relataram ter sofrido violência no último ano. Ao desagregar os dados, verifica-se que 41,5% das mulheres pretas vivenciaram alguma forma de agressão no período, enquanto entre as pardas esse percentual foi de 35,2%. Já entre as mulheres brancas, o índice registrado foi de 35,4%.
21,4 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, diz pesquisa
Número representa 37,4% do total de mulheres. É o maior índice da série histórica da pesquisa 'Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil', iniciada em 2017, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 91,8% das agressões foram na frente de terceiros.
Por Cíntia Acayaba, g1 SP
Mais de 21 milhões de brasileiras, 37,5% do total de mulheres, sofreram algum tipo de agressão nos últimos 12 meses, de acordo com pesquisa do Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
É o maior percentual da série histórica da pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, iniciada em 2017, e 8,6 pontos percentuais acima do resultado da última pesquisa, de 2023.
A pesquisa também mostra que 5,3 milhões de mulheres, 10,7% do total da população feminina do país, relataram ter sofrido abuso sexual e/ou foi forçada a manter relação sexual contra a própria vontade nos últimos 12 meses, ou seja, uma em cada 10.
No Brasil, o percentual de mulheres que sofreram alguma violência ao longo da vida por parceiro ou ex-parceiro é superior à média global: 32,4% contra 27%, de acordo com relatório recente da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança, os números reforçam a sensação de que o Brasil é cada vez um país menos seguro para as mulheres.
Segundo elas, "as iniciativas para frear essa epidemia de violência têm sido insuficientes, independentemente dos esforços de alguns governos e da exposição dos casos de repercussão nacional ao longo dos últimos anos”.
A ampla maioria das agressões ocorreu na presença de terceiros, 91,8%. Em 47,3% desses casos, quem presenciou foram amigos ou conhecidos; em 27%, os filhos; e em 12,4%, outros parentes.
Na semana passada, um jovem de 22 anos morreu baleado no ônibus em São Paulo após tentar defender uma mulher que era agredida pelo companheiro. Ele ouviu o casal discutindo e pediu para o homem parar com a agressão.
“Meu sobrinho não discutiu com ninguém. O próprio motorista disse que ele só pediu para o cara parar de brigar com a mulher, foi a única coisa. Foi o suficiente para esse cara tirar a vida dele com três tiros. Ramon era menino amoroso, de família, respeitoso. Morreu tentando defender uma mulher", lamentou. (Veja o vídeoem https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/sp1/video/video-homem-morre-apos-ser-baleado-por-outro-passageiro-em-briga-em-um-onibus-na-zona-sul-13390463.ghtml.)