1° FÓRUM SOCIAL MUNDIAL (FSM) - 2001

O FSM foi um espaço criado por movimentos sociais e organizações da sociedade civil, em contraposição ao Fórum Econômico Mundial, que vinha reunindo anualmente líderes empresariais e políticos em Davos, na Suíça, para discutir questões do capitalismo globalizado. A proposta do FSM foi amadurecida ao longo das mobilizações na Europa contra o Acordo Multilateral de Investimentos (AMI), em 1998, das grandes manifestações em Seattle (EUA) contra o Encontro da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1999 e das manifestações em Washington, em 2000, contra as políticas do FMI e do Banco Mundial.

O Fórum Social Mundial expressa a luta contra a ofensiva neoliberal, debatendo o impacto da globalização na vida das pessoas. Nasce como um ambiente de convergência democrática para reflexões, análises, formulação de propostas, trocas de experiências e articulações de movimentos sociais, redes e ONGs.

O 1° Fórum Social Mundial foi realizado em janeiro de 2001, em Porto Alegre (RS) com a participação de mais de 20 mil pessoas de 117 países, que se espalharam em oficinas autogestionadas, seminários, conferências, sessões de testemunhos, atividades culturais e plenárias deliberativas.

No processo preparatório, a Articulação de Mulheres Brasileiras, juntamente com a Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos, o CLADEM - Brasil (Comitê Latino-americano e do Caribe de Defesa dos Direitos da Mulher), o Observatório da Cidadania-Brasil, a REPEM (Rede de Educação Popular entre Mulheres da América Latina), e a Rede DAWN - Global, apresentaram uma proposta que foi acatada pelo Comitê Brasil organizador do FSM, para garantir transversalidade às temáticas de gênero e à participação de feministas nos principais painéis de discussão. Uma ampla convocação buscou trazer mulheres de todo o mundo para o evento.

Compareceram ao 1º FSM feministas e militantes dos movimentos de mulheres de 20 países, que tiveram a oportunidade de construir novas alianças e mapear convergências políticas. Esta participação qualificou as discussões, de modo geral, ao colocar sobre as mesas de debate o devastador impacto da globalização neoliberal sobre a vida das mulheres assegurando que as questões centrais do feminismo integrassem as estratégias e ações planejadas pelos movimentos sociais para alcançar um mundo melhor. A partir do 1º FSM foi formado um Conselho Internacional, encarregado de organizar os fóruns futuros, composto de 112 organizações, entre estas nove redes feministas.

No 1º FSM a questão do aborto suscitou uma ruidosa manifestação promovida pelas mulheres no saguão principal da sede do Fórum, protestando contra medidas de cortes de verba anunciadas pelo então recém-empossado presidente norte-americano, George W. Bush. Denominada Lei da Mordaça, a nova regra afetava drasticamente a assistência ao aborto nos países do chamado Terceiro Mundo, que contavam com o apoio da cooperação governamental norte-americana.