NASCE O CFEMEA - 1989

O Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) é parte da geração de organizações feministas da década de 1980, que incidiu no processo de democratização do País propondo leis e políticas públicas, em uma atuação que está na origem do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM).

As cinco fundadoras do CFEMEA eram ex-funcionárias do CNDM: Gilda Cabral (administradora de empresas), Guacira Cesar de Oliveira (socióloga), Iáris Ramalho Cortês (advogada), Malô Ligocki e Marlene Libardoni (economistas).

“O CFEMEA surgiu porque havia uma lacuna a ser preenchida. Trabalhávamos no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e desenvolvemos uma série de articulações e ações para que os direitos das mulheres fossem respeitados na Constituinte. Depois, estávamos totalmente compromissadas com esta valiosa experiência, e foi o que bastou para dar início ao trabalho que deu origem ao CFEMEA”. (Guacira Cesar de Oliveira)

Com a desestruturação do CNDM e, sobretudo a perda da ponte importante de interlocução com os poderes públicos, era preciso incidir no debate sobre a regulamentação da nova Constituição, e o grupo de técnicas demissionárias que viviam em Brasília passou a ser interpelado como ponto de referência pelas militantes feministas nos diversos estados.

“Nós cinco, que morávamos aqui em Brasília, começamos a receber telefonemas, das amizades que a gente tinha feito no Conselho, com demandas de mulheres de outros estados perguntando: ‘Como é que vai aquele projeto das empregadas domésticas? E o da união civil’? Por coincidência, teve um dia que a gente se encontrou no cafezinho do Congresso. Estávamos lá, cada uma sozinha, e nos perguntamos: ‘O que é que você está fazendo aqui’? ‘Estou aqui porque a Paraíba perguntou tal coisa’ ou ‘Porque Pernambuco perguntou tal coisa’. Então resolvemos de comum acordo:- ‘Porque a gente não se junta e faz uma coisa mais organizada?’” (Iáris Ramalho Cortês)

Logo que foi criado, em 14 de julho de 1989, o CFEMEA se posicionou como articulador e catalisador político das demandas feministas nacionais. Ainda era frágil institucionalmente e cumpria esta missão de forma difusa, mas já contava com o reconhecimento público ainda que os recursos fossem escassos.

"No momento em que a Constituição foi promulgada, tínhamos direitos assegurados, mas faltava toda uma legislação complementar que garantisse aqueles direitos. Se não fosse o CFEMEA aqui, acompanhando o dia a dia do Congresso, teria sido muito difícil para o movimento de mulheres incidir". (Malô Ligocki)